MARIDO PEDE SOCORRO PARA ESPOSA EXILADA

Ana Maria Cemin – Jornalista – 05/07/2024

O marido da exilada política Fátima Pletti, 63 anos, Luiz Carlos Manzano, 73 anos, clama aos congressistas que façam andar o projeto de lei de anistia dos presos políticos que se encontra na Câmara de Deputados. Manzano está morando sozinho em Bauru, SP, desde que a sua esposa saiu do Brasil, há três meses, após ter sido condenada a 17 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“Pelo amor de Deus, soltem os presos políticos! Ninguém tentou dar golpe de estado no dia 8 de janeiro. As pessoas foram a Brasília fazer uma manifestação, como faziam em frente aos quartéis nas várias cidades do Brasil. As pessoas defendiam as bandeiras contra o aborto, contra as drogas e contra o comunismo. E sempre de forma pacífica”, diz o idoso. “Fátima foi presa por crime de opinião, foi julgada severamente e me parece que quem contestar o regime vigente será preso”, desabafa.

Fátima é mãe de quatro 4 filhas, nove netos e dois bisnetos. Ela não tem nenhum antecedente criminal e vivia da renda como artesã.  Há pouco tempo, também fazia frete numa caminhonete Saveiro. Ela não tem aposentadoria e a única empresa que teve, fechada há tempos, era uma lavanderia que prestava serviço para hotéis.

“Acusam ela de ser empresária e financiadora do golpe. Não faz o menor sentido”, reclama. “Lá na Praça dos Três Poderes ela foi praticamente empurrada para dentro do Prédio do Senado com os ataques aéreos e terrestres dos policiais. Jogaram bomba de gás lacrimogêneo e de efeito moral contra pessoas comuns, cidadãos. Naturalmente, as pessoas foram se abrigar nos prédios que já estavam quebrados quando essa gente chegou lá”, relata.

OS HORRORES DA PRISÃO E O EXÍLIO

“Quando a Fátima, que é uma idosa com fibromialgia, soube da condenação de 17 anos, ela ficou em pânico e começou a reviver os sete meses em que ficou presa no Presídio Colmeia. Lá dentro ela perdeu 25 quilos, além de ter sofrido demais com as dores, porque não conseguíamos entregar as medicações que ela usa. A comida era péssima, azeda e suja.

Agora ela está longe de todas as pessoas que ela ama, na Argentina, mas está comendo e dormindo, coisa que na penitenciária era impossível. A família está sofrendo com tudo isso, mas pelo menos ela não está presa junto com criminosas. Ela é uma mulher cristã e uma excelente pessoa, não merece esse destino.

Minha esposa teve todos os seus direitos de cidadã brasileira e de idosa violados. Sofre violência emocional, física e abandono. Nós aqui no Brasil fazemos o que é possível para que ela possa se alimentar lá fora, mas sabemos o quanto ela sofre com o clima frio e a falta de condições de uma vida digna, de forma em geral. Atualmente, Fátima está sozinha num quarto alugado e reclama da perseguição dos repórteres da UOL, razão que a leva mudar de endereço para se manter em paz em seu exílio”, conclui.

Leia a matéria com entrevista de Fátima, feita antes dela ser condenada: