
Ana Maria Cemin – 24/01/2025
Pela segunda vez desde que foi novamente recolhido ao Presídio Papuda, em 6.6.2024, o preso político Lucas Brasileiro, 29 anos, sofre agressões físicas na estrutura penitenciária. A última agressão foi no final do ano, quando ele foi transferido do Centro de Detenção Provisória para a Penitenciária do Distrito Federal I (PDF I) junto com outros presos. Na pequena distância de 600 metros entre um prédio e outro, todos foram algemados e colocados num camburão, porém antes da porta do veículo ser fechada os policiais acionaram gás de pimenta. Quando a porta foi aberta, todos estavam praticamente desfalecidos dentro do camburão.
Essa e outras denúncias foram levadas pelo pai de Lucas, Evandro Brasileiro, para a Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) que prontamente providenciou uma inspeção prisional.
“Fiquei 115 dias sem poder ver meu filho porque o meu nome foi tirado da lista de visitantes do CDP e somente no dia 9.01.2025 consegui ver o Lucas novamente. Quando vi meu filho, fiquei assustado com as condições físicas dele, pois está só osso. Lucas está numa cela superlotada, sem ventilação, mofada e todos dormem no cimento por não ter colchões. A comida é azeda e estragada. O que me deixou arrasado, mais ainda, foi o relato da tortura sofrida na transferência entre os prédios. Levei essas informações ao conhecimento da Defensoria Pùblica, que eu posso testemunhar que tem feito um excelente trabalho”, relata Evandro.

A angustia do pai, no entanto, continua apesar da DPDF ter feito a inspeção no presídio e de ter encaminhou o relatório com todas essas irregularidades para o Ministério Público. “Há seis meses fiz uma denúncia e até hoje nada mudou, porque depois que a Defensoria entrega o relatório tudo fica nas mãos do Ministério Público, que deve providenciar as condições adequadas às pessoas que são privadas de liberdade. E no caso do meu filho, ele não deveria estar entre presos comuns, porque a gente sabe dos posicionamentos políticos e risco de conflito por ele ser um patriota entre pessoas identificadas com a esquerda”, alerta Evandro.
O pai voltou a visitar o filho nessa semana, dia 23 de janeiro, quinta-feira, e pretende continuar a vê-lo a cada 15 dias. É quando pode levar comida para aplacar a fome. A cada duas semanas pode levar 1kg de biscoito, 300g de batata palha, 300g de castanha, dois pacotes de torrada e 28 doces de 40g. “É impossível comer a comida do presídio e isso que levo não pode ser considerado alimento, muito menos para para quinze dias. É um absurdo”, protesta.
Apesar de jovem, Lucas tem apresentado Lucas sintomas de fraqueza e tosse muito, possivelmente pelas condições sanitárias da cela. Outro agravante é que no período em que ficou preso em 2023, de 8.01 a 19.08, ele sofreu uma queda e fraturou o calcanhar e machucou as costas. De volta ao presídio no ano passado, há pouco mais de seis meses, Lucas foi agredido com chutes nas costas por policiais, motivo da primeira denúncia de Evandro. Ele ainda tem dores nas costas onde tem um caroço e aguarda o resultado de uma ressonância feita na semana passada para saber qual a situação de saúde.
NOTÍCIA “DPDF divulga relatório de inspeção prisional realizado na PDF I
“Quanto à denúncia de violência, a DPDF e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) emitiram, em maio de 2024, uma recomendação conjunta à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape/DF) para que, em até 90 dias, fosse emitido ato normativo que regulamente o uso progressivo e proporcional da força dentro das unidades, padronizando e definindo objetivamente as técnicas autorizadas, os Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (IMPO) e as circunstâncias técnicas adequadas a cada situação. Além disso, as instituições solicitaram a elaboração de programa de educação continuada sobre o uso da força, entre outras medidas.” – Trecho de matéria divulgada pela Defensoria Pública que você pode ler na íntegra no link https://www.defensoria.df.gov.br/?p=75848
SITUAÇÃO DE LUCAS
O Lucas da Costa Brasileiro está no CDP I cumprindo a pena de 14 anos de prisão. O jovem advogado foi preso no dia 8 de janeiro. Durante a tarde participou de concurso público próximo à Praça dos Três Poderes. Depois de concluída a prova, foi até o local da manifestação. Devido ao bombardeio e tiros de bala de borracha, Lucas Brasileiro se abrigou num prédio da República. Esse fato o fez ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal.








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