
Ana Maria Cemin – 25/01/2025
Nesse domingo, 26/01/2025, pela primeira vez em um ano, a idosa Marlúcia Ramiro, 63 anos, receberá uma visita na Penitenciária de Pirajuí, SP. Ela está presa em Pirajuí há mais de oito meses, após ter sido transferida da Penitenciária de Guariba, SP.
Marlúcia ainda não sabe, mas terá direito a abraços e muita conversa com a advogada Valquíria Durães, que se programou para ficar com ela das 8 às 16 horas. A Dra. Valquíria diz que, como ninguém visita a sua cliente, a penitenciária abriu a oportunidade para ela se cadastrar como um familiar.
Como Dra. Valquíria atende a Marlúcia, elas têm contato por videoconferência, mas todas as vezes nas quais se deslocou de Brasília para Estado de São Paulo para vê-la, a conversa sempre foi pelo corró, sem contato físico.
A filha da presa política, a Bárbara, 37 anos, não conseguiu até hoje ver a sua mãe no presídio por ter uma filha pequena e morar distante. Como alternativa, faz campanhas de ajuda financeira para custear as despesas da advogada nos deslocamentos de Brasília a penitenciária.

“Ela está esquecida dentro do presídio por todas as pessoas que conviviam com ela em Guarulhos. Marlúcia sempre foi uma mulher muito ativa dentro do espectro político da direita, conhece muitos figurões, mas hoje as pessoas fogem dela ou fazem de conta que não a conhecem. É desumano esse comportamento”, relata a advogada.
Conhecida como Lucinha, a presa até hoje não foi julgada e poderia estar em casa, com uma tornozeleira eletrônica, no aguardo de seu julgamento e sentença. Porém, todos os pedidos feitos pela advogada foram negados pelo ministro Alexandre de Moraes.
A visita surpresa que Marlúcia receberá amanhã da advogada teve todo um ritual de preparação. A Dra. Valquíria perguntou de quais comidas ela sentia mais falta e levará para ela saborear churrasco, purê de batata, feijão preto, salada, pudim e brigadeiro.
Levará, ainda, três refrigerantes, carteiras de cigarro para ela negociar dentro da prisão com as fumantes em escambo com produtos que precisa, além de um pacote com todos os produtos autorizados a entrar no presídio.

“É caro sair de Brasília para visitar a Lucinha no presídio. Hoje, por exemplo, estou hospedada em Bauru que fica a 80 km de onde ela está. Só de Uber vou gastar R$ 350,00, mas eu não posso mais deixar essa idosa sozinha, sem um abraço. Todo mundo sumiu da vida dessa senhora, ninguém se comove, ninguém lembra que ela existe”, desabafa.
Lucinha não foi presa em 8 de janeiro, mas quando soube que o ministro Moraes determinou a sua prisão, em março de 2023, ela se escondeu no pequeno município paulista Buritizal. Na noite de 9.12.2023, após ser denunciada por um cidadão, ela foi presa. Moradora de Guarulhos, ela tem várias comorbidades, fez três cirurgias de coluna para colocação de placas e é diabética.
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