
Ana Maria Cemin – 29/01/2025
Ela não é a única que foi demitida por justa causa por estar em Brasília em 8 de janeiro de 2023. A lista é longa, mas aqui falamos de Fabrícia Lúcia da Silva Rodrigues, 39 anos, uma mulher que desenvolveu uma lesão pelo trabalho repetitivo, foi demitida anos atrás e foi reintegrada ao quadro de funcionários por entendimento da justiça. Ela conquistou o direito de ficar na empresa, atuando como operadora de máquina. O tempo dela na empresa poderia ser até se aposentar ou surgir uma “justa causa”.
O que fez Fabrícia se tornar uma desempregada foi estar entre as mais de 2 mil pessoas acampadas em Brasília na noite de 8 para 9.01.2023. Do QG foi levada para um ginásio e depois foi presa no Colmeia junto com centenas de outras manifestantes. Ela só voltou para casa em 12.03.2023. Porém, ainda dentro do presídio, antes mesmo de ter contato com advogado ou com qualquer familiar, recebeu uma carta de demissão por justa causa da empresa onde trabalhava desde 2011.


De acordo com Fabrícia, a alegação de publicação de foto em rede social está comprovada que não procede, uma vez que a foto era anterior ao período em que foi afastada para fazer uma cirurgia no braço. “Tudo está comprovado nos autos pelo meu advogado de defesa”, diz a presa política que usa tornozeleira até hoje e espera na fila o julgamento do Supremo Tribunal Federal.

“Depois que sai da prisão, fiz seis meses de tratamento com psicólogo, pois não conseguia entrar em ônibus. Foi meu marido quem tomou a iniciativa de contratar um advogado por R$ 10 mil para fazer a minha defesa. Perdi o meu trabalho na empresa multinacional, onde adquiri uma lesão por esforços repetitivos (LER) na época em que trabalhava como operadora de máquina impressora”, desabafa.
A perda do processo em duas instâncias praticamente tirou as esperanças de Fabrícia, até porque o histórico dela na empresa é complicado. “Fui demitida em 2015 por ter adquirido a LER e depois de cinco anos de luta na justiça, passando por três instâncias, fui reintegrada. Em 2022, rompi o tendão do ombro e precisei passar por cirurgia, quando colocaram uma presilha, e iniciei fisioterapia. Eu estava trabalhando normalmente quando surgiu o convite para ir a Brasília e, com a minha prisão, a empresa me demitiu por justa causa. Com isso, perdi meu emprego, o plano de saúde e odontológico que eu pagava via sindicato e todos os direitos trabalhistas”, relata.


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