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Sem fiação elétrica na casa e sem emprego

Por Ana Maria Cemin – Jornalista

06/10/2023 – 54 99133 7567

Freelancer como cuidadora em hospitais, babá e faxineira, a patriota que me conta sua história tem 39 anos e três filhos adolescentes, sendo que somente um deles trabalha por ter atingido a idade para isso. As demais, duas meninas, procuram uma vaga como jovens aprendizes. Essa mulher simples, que vive numa cidade do interior do Brasil, pede que eu não conte qual é o seu nome para não ter problemas com a Justiça.

Ela teve a sua liberdade cerceada poucas horas depois de chegar em Brasília na noite do dia 8 de janeiro. Não foi à Praça dos Três Poderes onde ocorreram os atos de vandalismo: estava na estrada, vinda de seu Estado naquele horário. Mesmo assim, no amanhecer do dia 9 de janeiro, foi levada do QG para a Academia da Polícia Federal, onde ficou dois dias e, logo em seguida, foi para o presídio Colmeia.

Voltou para casa duas semanas depois, com tornozeleira eletrônica. Desde então os seus trabalhos freelances ficaram raros, pois não tem como trabalhar como cuidadora em hospital à noite, devido às restrições do Supremo Tribunal Federal. Além disso, quando as pessoas ficam sabendo que usa tornozeleira, não querem que ela faça faxina na casa delas.

Restou a opção de ficar como babá do filho da irmã, porém isso não lhe confere os recursos necessários para sustentar a casa. Hoje vive da ajuda dos familiares. Só com a advogada para a defender no Inquérito 4921, ela gasta R$ 1.000,00 ao mês. O detalhe é que ela recebe uma bolsa família por ter filhos menores, no valor de R$ 700,00. Sem trabalho, as contas não fecham e só mesmo com o apoio familiar a vida segue, do jeito que dá.

A casa da patriota é muito simples e precisa de uma reforma na parte elétrica que queimou.

PROBLEMA COM OS FIOS DA CASA DESDE AGOSTO

“No final de agosto, teve uma explosão nos fios devido a um temporal. Desde então, preciso fazer uma obra de troca de fios queimados. Meu tio disse que fará o trabalho para mim, mas o custo para compra da fiação nova é de R$ 500,00, um valor que eu não tenho e a minha família já me ajuda muito com as contas do dia a dia.

Para você ter uma ideia, a minha irmã deixou de construir a sua própria casa para me ajudar. Ela mora com a minha mãe com a família dela. Quando fiquei sem energia até mesmo para carregar a tornozeleira eletrônica, o meu tio puxou uma extensão da casa da minha mãe, que fica no mesmo terreno”.

O tio prometeu consertar a fiação assim que ela conseguir comprar o material.

EMOCIONALMENTE ABALADA

Desde que voltei de Brasília não me sinto bem. O que vi por lá não sai da minha cabeça. Às vezes penso que preciso de um psicólogo, só não sei se isso vai ajudar ou piorar a minha situação. Sinto que estou traumatizada e tudo começou lá na Academia da Polícia Federal, no dia 9 de janeiro. Lembro que nos reunimos num grupo e fomos conversar com um policial e ele nos disse que tinham orientado os guardas a tirarem os nossos celulares, mas eles não fizeram isso lá no Ginásio para preservar a nossa vida e as deles também. Aquilo me deixou chocada e o que veio depois é ainda pior. Em algumas noites não consigo dormir e lembro de tudo. Gostaria muito de superar.”

PRECISO TRABALHAR

Sou freelancer desde 2018, mas tenho deixado o meu currículo em vários lugares para conseguir um trabalho com carteira assinada. Desde que voltei para casa em janeiro não trabalhei mais em hospitais e as pessoas que me contratavam também não querem muita explicação sobre o motivo da tornozeleira estar na minha perna. Simplesmente não tenho mais trabalho como tinha antes.

As pessoas compram logo a ideia da imprensa, que divulga o tempo todo expressões como golpe e terrorismo dando a entender que as pessoas que foram a Brasília têm uma índole ruim. Não é verdade e eu preciso trabalhar e é nisso que estou focada quando vou para uma entrevista em empresa. Porém, sempre que estou perto de conseguir um trabalho, o que tranca é o fato de eu usar tornozeleira eletrônica. Me dizem para voltar quando a tirarem da minha perna: Se tiver vaga a gente te emprega, prometem.”

Na casa da patriota moram os seus três filhos adolescentes, sendo que somente um está empregado por ter idade para entrar no mercado de trabalho.

MOTIVOS PARA MANIFESTAR EM BRASÍLIA

“Eu não concordei com o resultado das urnas no ano passado e eu queria uma revisão da votação. Pedir isso está previsto em lei. Eu sou uma pessoa que defende a família, sou contra o aborto e sei que a esquerda apoia mudanças na sociedade com as quais eu não concordo, como o compartilhamento de banheiros por homens e mulheres, até mesmo nos colégios. Eu não quero isso para as minhas filhas e me preocupo com o futuro dos meus filhos num mundo onde aquilo que eu acho certo não é aceito. Sou evangélica e quero ter o direito de escolher a religião, sem imposição. Quero um Brasil livre.”

Se alguém se solidarizar com a patriota entrevistada, o contato pode ser feito com a sua irmã Cassiane, pelo celular 055 99187 2657. Você pode ofertar emprego, ajuda para a fiação nova ou fazer o apoio psicológico. Esse número de celular também é chave de pix.

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