Ana Maria Cemin – Jornalista – 18/06/2024
“Eu quero que o meu noivo saia do presídio e vá par um hospital psiquiátrico para ser tratado adequadamente”, declara Valquíria Xavier, que tem acompanhado as crises psicóticas do noivo José Cezar Duarte Carlos, de 33 anos, desde o início do ano, quando foi internado para tratamento no Centro de Referência em Saúde Mental (CERSAM), em Belo Horizonte, MG, entre 08/01/2024 e 15/01/2024.
Uma nova crise ocorreu dentro do presídio, nesse mês, após ser ameaçado de morte pelos presos comuns que estão na cela ao lado e na cela em frente a dele.
“Ingenuamente, ele contou aos presos comuns que ele era um manifestante de 8 de janeiro e eles disseram que caso ele fosse para o banho de sol iriam acabar com ele”, conta Valquíria, ao explicar a razão do novo surto.
Atualmente, José Cezar está na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, MG, onde se encontra isolado numa cela da enfermaria, com o pedido da juíza para que tenha atendimento psiquiátrico e medicação. Ele foi diagnosticado em outubro de 2020 com Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) e tem surtos recorrentes de delírios e alucinações.
A PRISÃO DO PATRIOTA NESSE MÊS
Argumentando receio de evasão de presos políticos para outros países, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou a prisão de mais de 200 patriotas, dentre eles José Cezar, que foi preso em casa pela Polícia Federal, no dia 6 de junho.
Ele utilizava a tornozeleira eletrônica e se apresentava semanalmente no Fórum para assinar, além de cumprir todas as demais cautelares.
INTERNAÇÃO NO INÍCIO DESSE ANO
“A prisão do meu noivo pode o colocar em risco vida, pois estava se recuperando do surto que iniciou ainda em 30 de dezembro do ano passado. Na ocasião, eu só consegui perceber que ele estava em delírio e alucinado no dia 4 de janeiro. Depois de ficar internado uma semana, seguiu com a medicação em casa, acompanhamento médico regular e vinha num processo de recuperação e reconstrução da sua vida. Nas últimas semanas em que estava em casa, o médico ainda observava como ele se comportava com a medicação. Desde a crise, a cada mês o médico promoveu alterações em doses e medicações. E foi bem no meio desse processo de recuperação que o José Cezar foi preso (6 de junho)”, relata Valquíria.
O PRESÍDIO NÃO TEM ESTRUTURA PARA CUIDAR DE DOENTES
“No dia 6 de junho, ao ser preso, ele estava relativamente bem, sem delírios e alucinações. Porém, no dia seguinte iniciaram as alucinações novamente dentro da cadeia, justamente pela ameaça que sofreu dos presos comuns. Eu percebi na hora ao visitá-lo. Ele voltou a ter os mesmos sintomas de janeiro e eu falei para os guardas que ele estava em pleno surto psicótico e que ele precisava ser levado para a enfermaria urgente. Os guardas atenderam o meu pedido e o levaram para lá, onde se encontra até hoje”, comenta, destacando que ele ficou seis dias sem comer, sem tomar medicação e bebendo pouca água.
De acordo com Valquíria, o médico do presídio fez um laudo no qual consta que o estabelecimento prisional não tem como tratar de um preso com surto psicótico e sugere ser transferido para um local onde possa fazer o tratamento adequado para a sua doença.
José Carlos é morador de Belo Horizonte e trabalha como professor de Educação Física, além de ser motoboy. Em março desse ano, recebeu uma sentença de 17 anos de prisão, por estar abrigado dentro de um dos prédios da República no dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília, durante os bombardeios de helicóptero e tiros de bala de borracha pelo policiamento a pé. De acordo com a noiva, o preso político tem uma filha de 11 anos que apresenta o mesmo problema de saúde e está em sofrimento mental grave devido à situação do pai.
A DEFESA DE JOSÉ DISPÕE DE MUITOS LAUDOS SOBRE O COMPROMETIMENTO DA SAÚDE E DA NECESSIDADE DE ATENDIMENTO ESPECIALIZADO, ALÉM DE CUIDADOS DE FAMILIARES.
Lamentável não tenho mais palavras para expressar esses acontecimentos só a misericórdia de Deus
Fica firme patriota a indulgência vira
A situação dos patriotas do INQ 4922 e dos sem denúncia presos nas infinitas fases da Operação Lesa Pátria é deplorável e cada vez mais parecer estar longe de uma solução.
Em contrapartida, há centenas de patriotas do INQ 4921 que poderiam ter assinado o ANPP e se livrado dessa confusão, mas preferem seguir correndo riscos.