Ana Maria Cemin – Jornalista
05-03-2024 (54) 99133 7567
No dia 2 de março, faleceu o caminhoneiro Eder Parecido Jacinto, 58 anos, um dos presos políticos de 8 de janeiro, que estava com tornozeleira desde que saiu do Presídio Papuda, em agosto do ano passado.
Hoje pela manhã, 5 de março, conversei com a filha Hamanda Aguiar Jacinto, 27 anos, que contou qual o motivo do falecimento e ela fez questão de deixar claro que não está relacionado com a prisão.
“Se fosse, nós seríamos os primeiros a correr atrás disso. Nós somos muito unidos e sempre estivemos a lado do meu pai, dando todo o suporte quando estava preso em Brasília e, também, depois que voltou para casa. Portanto, está errado fazer essa correlação da morte em função da prisão, como estou lendo em alguns veículos de comunicação”, diz Hamanda.
ACIDENTE DE TRABALHO
Quando saiu do Papuda, Seu Éder, como é conhecido, voltou para a cidade de Redenção, PA, onde mora há cerca de 10 anos. Ele tinha o seu próprio caminhão e, ao fazer a manutenção, uma das madeiras do andaime deslocou e ele caiu quebrando o fêmur e machucando a coluna. O fato ocorreu pouco antes do Natal, conforme relato da filha.
Desde então, ele foi atendido inúmeras vezes no Hospital Regional Público do Araguaia, localizado em Redenção, mas os problemas foram se avolumando com o passar dos dias para quadros mais graves, como paralisação dos rins, hemorragia no estômago e complicações do fígado. Ele entrou em coma nos últimos dias e faleceu com infecção generalizada.
Em nota oficial, a família informa que durante todo o tratamento, a Central de Monitoramento autorizou a retirada da tornozeleira para o tratamento médico e procedimentos dos exames.
“Em momento algum o mesmo teve seu tratamento estadiado ou mesmo interrompido por questões processuais ou administrativa”, consta na nota assinada por Hamanda, Jorge Augusto Jacinto (pai), Francisca da Silva Lima (companheira) e Izadora Aguiar Jacinto (filha).
ENTERRO EM PETROLINA – GO
Toda a família é de Petrolina, GO, razão pela qual o corpo foi trasladado do Pará para ser enterrado a cidade às 10 horas da manhã de segunda-feira, dia 4 de março.
“O emocional do meu pai estava tranquilo, porque estávamos sempre com ele dando suporte. Depois que ele se acidentou, procuramos estar mais perto ainda e eu mesma falava com ele todos os dias”, fala a filha, ainda em luto com sua perda.
Nossas orações à família e amigos.
Só quem viveu um cárcere injusto sabe o que isto significa no emocional das pessoas.
Muitos relatos de desatenção, esquecimento, dormir demais ou de menos, comer demais ou de menos. Depressão, ansiedade, síndrome do pânico etc. Ocorre que homens em geral são mais calados, expressam menos suas angústias, dores e temores.
O fato, é que mais um patriota partiu sem que a verdadeira justiça tenha sido feita.
Lamento muito, que Deus fortaleça cada um de seus familiares e amigos.