Por Ana Maria Cemin – Jornalista
07/12/2023 – (54) 99133 7567
Na próxima segunda-feira, Thiago Mattar receberá a visita da família no presídio. Depois de 11 meses preso ele poderá novamente se reunir com a esposa Vanessa Garcia Assem Mathar, 38 anos; filha Samira, 4 anos; e Anibal, 6 anos.
“Na segunda-feira, dia 11 de dezembro, as crianças vão visitar o meu filho na Papuda. Eles estão tão emocionados! Será a primeira vez, em 11 meses. Ontem (05/12), visitei ele e contei. Ele ficou muito feliz, porém ainda está muito triste com a morte do Clezão”, me conta Lucy Mattar em conversa pelo Instagram. Lucy é mãe de Thiago Mathar, o segundo manifestante de 8 de janeiro a ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal, ainda em setembro.
Pela vontade dos ministros, Mattar cumprirá pena de 14 anos.
A Associação dos Familiares das Vítima de 8 de Janeiro (ASFAV) solicita extensão do direito de ele responder em liberdade até o trânsito em julgado.
“Estou pedindo muito a Deus para que meu filho e todos os outros que ainda estão presos no Papuda saiam antes do Natal”, diz a mãe, que tem ido regularmente a Brasília para ver Thiago. “Vamos a Brasília neste sábado, dia 9, mas a visita é só na segunda. Pena que eu não posso entrar com as crianças, só a mãe Vanessa, porque eu queria ver que cena linda vai ser”, lamenta.
AMOR DE MÃE
Lucy Dalva de Assis Mathar, 65 anos, tem dividido a sua vida entre a sua cidade Votuporanga, SP, e Brasília, DF, desde que seu filho Thiago de Assis Mathar, 43 anos, foi preso por se manifestar na capital federal no dia 8 de janeiro. Conheci essa guerreira numa conversa que tivemos no dia 22 de setembro, depois dela voltar de uma estadia de 38 dias em Brasília, para onde foi com o objetivo de visitar o filho a cada quinze dias no Presídio Papuda, além de assistir o julgamento que o condenou a 14 anos de prisão, realizado pelo Supremo Tribunal Federal no dia 14 de setembro.
“Não vou abandonar o meu filho e quero que ele saiba que estou por perto”, afirma. “Ele sempre foi verdadeiro desde a infância. Não é de mentir. E ele me falou que está sendo acusado de um monte de coisa que ele não fez. Ele viu muita gente revoltada dentro do prédio, gritando e incitando, mas ele entrou por curiosidade e quando foi sair não conseguiu. Foi preso”, comenta.
“Ele chegou na praça com uma bandeira com mastro, mas na barreira policial o mastro ficou e ele amarrou a bandeira no pescoço. Lá no prédio, quando a polícia passou a agir contra os patriotas, mandaram ele se deitar com a barriga no chão. Então o comandante perguntou quem seria o primeiro a se entregar e ele logo se levantou, foi algemado e serviu de exemplo para a mídia em geral. Muitas fotos dele saíram na imprensa”, narra.
JULGAMENTO
“Eu assisti ao julgamento do meu filho no dia 14 e muita coisa errada foi dita. Teve quem falasse que ele mora em Penápolis, SP, e que ele é produtor rural. Não é nada disso. Estão fazendo confusão por ele ter embarcado em um ônibus de Penápolis que foi a Brasília, porque o de São José do Rio Preto estava lotado naquela sexta-feira, dia 6 de janeiro”, diz a mãe de Thiago.
E continua: “O ministro Moraes utilizou palavras duras para chamar o meu filho de arruaceiro utilizando como exemplo um fato antigo, de quando ele morava numa república em Garça, durante a faculdade. Os rapazes assaram um churrasco e fizeram muito barulho e a vizinhança chamou a polícia. Os meninos na faixa dos 18 anos foram presos e pagaram com serviço comunitário. Algo de décadas atrás foi levantado como um caso grave de passagem na polícia. Não faz o menor sentido.”