Ana Maria Cemin – Jornalista
11/12/2023 – (54) 99133 7567
A Marlúcia Ramiro, 62 anos, mais conhecida como Lucinha, estava escondida no pequeno município paulista Buritizal desde março, e foi presa na noite do dia 9 de dezembro, após ser denunciada por um cidadão brasileiro. Ela fugiu quando o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a sua prisão por ter participado das manifestações em Brasília, no dia 8 de janeiro.
Moradora de Guarulhos, SP, ela tem várias comorbidades, fez três cirurgias de coluna para colocação de placas e é diabética, mas desde que iniciou a vida de “foragida”, por se manifestar junto com os demais patriotas, ela abandonou os cuidados com a sua saúde. Isso porque o simples ato de ir até o postinho de Saúde passou a ser de alto risco para ela, pois poderia ser identificada e presa.
Lucinha passa por dificuldades financeiras e está recebendo atendimento pro bono da Dra. Valquíria Durães, uma das mais aguerridas defensoras dos direitos humanos dos presos políticos. A advogada me conta que ela foi recolhida à delegacia de Buritizal na noite de sábado, mas já se encontra na cadeia pública de Franca, onde permanece isolada numa cela sozinha. A previsão é de que até o final da tarde de amanhã, terça-feira, ela seja transferida para a Penitenciária Feminina de Guariba.
“Eu quero recambiar ela para Brasília o quanto antes, para que fique junto com as duas outras presas políticas que ainda temos no Colmeia. Aqui temos a certeza de que os presos políticos não serão misturados com a massa carcerária, como tem acontecido em outros presídios”, informa a advogada. Sua assistida recebeu o cobal – kit de roupas e material de higiene pessoal, providenciado pela família, e está sendo tratada com respeito.
O caso de Marlúcia é idêntico a todos os processos dos demais patriotas presos. É o que a Dra. Valquíria chama de copiar e colar.
“Inclusive se passaram mais de 48 horas de prisão e não tivemos a Audiência de Custódia”, informa. Um detalhe importante destacado pela advogada é que a sua atendida não foi presa por investigação da Polícia Federal e, sim, por denúncia de populares. “Caio, o filho dela, sabe quem a denunciou em seu esconderijo. Esse fato tem provocado medo nos manifestantes de 8 de janeiro, porque estão literalmente sendo entregues por cidadãos que acreditam que pessoas comuns, que nunca cometeram qualquer crime, mereçam ser presos e condenados”, lamenta a Dra. Valquíria.
“Marlúcia precisa se tratar, não pode dormir em colchões comuns e está em estado de sofrimento há muito tempo. Falam muitas bobagens a respeito dela, mas o fato é que se trata de uma pessoa muito humilde e não fez nada de errado que justificasse sua prisão”, comenta a advogada, preocupada.