Despejo leva patriota a morar na rua em Campinas
Por Ana Maria Cemin – jornalista
12/12/2023 – (54) 99133 7567
O patriota Roney morará na calçada em frente ao prédio, cujo endereço está registrado no Centro Integrado de Monitoramento Eletrônico (CIME), entidade que controla a sua tornozeleira eletrônica.
Fará isso para não incorrer em desacato às regras criadas pelo ministro Alexandre de Moraes, porque ele não quer retornar ao presídio.
Nesta semana, dois patriotas voltaram à prisão justamente por causa de problemas com o uso da tornozeleira, ou seja, descumprimento das medidas cautelares do STF: Rosário Lucas Pereira e Roberto Carlos Rodrigues Antônio.
Conforme relata, se for cumprido o despejo agendado, Roney dormirá na calçada da Rua Coelho Neto 441, Vila Itapura, Campinas, SP.
Roney é atendido pro bono pelas advogadas Valquíria Durães e Vânia Pereira. Caso alguém tenha alguma oportunidade de trabalho e queira apoiar o patriota, pode entrar em contato pelo WhatsApp 61 98213 7834, com as próprias advogadas. “A maioria dos nossos assistidos de 8 de janeiro é pro bono e, seguidamente, auxiliamos com recursos para compra de gás, pagamento de luz, cestas básicas e outras situações. Muitos precisam. No caso do Roney, não é possível bancar mês a mês as suas contas residenciais e a melhor solução é que ele possa trabalhar e bancar as suas despesas”, explica a Dra. Valquíria, afirmando que nada pode ser feito por ele, porque definidamente não há outro endereço em Campinas. Se a agenda de despejo for cumprida, ele terá que sair.
LONGO PESADELO DESDE 8 DE JANEIRO
Em julho, o mineiro Roney Duarte Botelho, 50 anos, conversou comigo sobre a sua ida a Brasília, quando foi manifestar a sua opinião política. Desde aquele início de janeiro de 2023, tudo começou a dar errado na vida de Roney. Nossa conversa foi em 10 de julho, quando Roney foi notificado sobre o corte de energia elétrica do apartamento onde ainda reside em Campinas, SP.
Desesperado, deixou carregando a tornozeleira eletrônica no hall do condomínio, mas o síndico informou que ele não poderia utilizar a energia elétrica nos espaços coletivos. Com a ajuda de patriotas, conseguiu pagar as contas de energia e esticar a sua permanência no local, com energia. Mas agora a coisa complicou de verdade!
Se dá para piorar? Sim, e muito!
A situação agora é ainda mais alarmante: amanhã, dia 13 de dezembro, será despejado conforme lhe informou um oficial da justiça. Ele não pagou vários aluguéis e condomínios, então nada mais justo do que o despejo, certo?
Há controvérsias, pelas circunstâncias criadas pelo Estado Brasileiro que prendeu Roney, o mantém em prisão domiciliar com regras duras, como comparecer toda segunda-feira no Fórum, não sair à noite, e permanecer 24 horas dentro de casa nos finais de semana e feriado. O fato é que é difícil ganhar o sustento fazendo uso da tornozeleira e não há qualquer ajuda de custo para os presos de 8 de janeiro, muito diferente do que acontece com os criminosos do Brasil.
Vamos acompanhar o relato de futuro morador de rua?
“Nessa segunda-feira, dia 11 de dezembro, recebi a visita do oficial da justiça para informar o meu despejo para amanhã, dia 13. Apesar de não ser usual esse tipo de procedimento, o oficial veio até aqui e disse estar preocupar comigo.
O que acontece comigo é o seguinte: nenhuma promessa de emprego vingou desde que sai da prisão, estou sem renda e não é possível alugar outro imóvel, até porque não tenho dinheiro para pagar os atrasados deste em que estou.
O que isso acarreta é falta de alternativa de endereço para entregar à minha advogada. Não tem como transferir a minha tornozeleira para outro endereço. Então, estou literalmente em uma sinuca de bico e terei que dormir na rua, aqui em frente de casa, porque é onde a tornozeleira eletrônica está cadastrada. Se eu sair daqui, infringirei nas regras impostas pelo Supremo Tribunal Federal e voltarei para o presídio.
Eu saí do Presídio Papuda em 16 de março, para onde fui recolhido após ser entregue pelo Exército Brasileiro à Polícia Federal. Eu estava no QG em frente do quartel de Brasília na manhã de 9 de janeiro e acreditei na promessa dos militares de que nós seríamos levados do QG para uma triagem e depois seríamos deixados em rodoviárias para retornarmos para casa. Este engano, esta mentira, pesou sobre a minha vida e de mais de 1,5 mil pessoas diretamente. Hoje, estou sendo processado pelo Inquérito 4921, acusado de “crimes” que nem mesmo resultam em prisão, quanto menos deveria estar usando tornozeleira eletrônica.
Tudo isso está sendo feito à revelia da lei porque a nossa prisão só ocorreu oficialmente no dia 11 de janeiro, na Polícia Federal, isso significa dizer que no dia 9 de janeiro, quando nos tiraram do QG as autoridades brasileiras levaram presas crianças, idosos e cachorros. A situação é tão crítica que até mesmo idoso com mais de 70 anos usando fralda geriátrica foi parar no presídio. Um pouco antes de sair lá dentro do Presídio Papuda, esse idoso me contou que a esposa viajou e ele resolveu fazer sua manifestação por um Brasil com valores conservadores e acabou como criminoso.
Sou corretor de seguros e montei uma empresa em Campinas, mas acabei trabalhando numa revenda de carros zero quilômetro por não conhecer muitas pessoas. Com a pandemia, a empresa entrou em crise e eu comecei a trabalhar como motorista de aplicativo. Era com isso que trabalhava até ser preso, porém se tornou inviável porque eu locava o carro por semana e as corridas de sábado e domingo eram as que pagavam a locação. Com a tornozeleira, aqui em São Paulo, eu posso sair às 6 horas da manhã e voltar para casa até às 19 horas, somente de segunda a sexta-feira, e o restante do tempo tenho que ficar trancado dentro do apartamento, o que inclui sábados, domingos e feriados”, relata.
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