Ana Maria Cemin – Jornalista – 04/04/2024
Nesta quarta-feira, dia 3 de abril, por descumprimento das medidas cautelares, o preso político Pedro Emílio Carpichio Armand, 26 anos, foi recolhido à carceragem da Polícia Federal de São Paulo, para onde foi levado por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. O advogado de Armand, Dr. Hélio Junior, justificou no prazo previsto o descumprimento das cautelares, porém Moraes decidiu pela prisão preventiva até que ele seja julgado.
Armand está no inquérito 4921 e, de acordo com o advogado, a partir de agora é possível que ele responda o processo preso. “Como as acusações não levarão à condenação de prisão em regime fechado, após passar por julgamento, eu creio que ele cumprirá a pena em regime aberto ou receba uma pena alternativa, caso o STF o condene”, avalia Dr. Júnior.
“O fato é que ele está há mais de ano preso, seja em regime fechado ou regime domiciliar com tornozeleira eletrônica, e nós entendemos que ele é de fato inocente, não cometeu qualquer crime. Meu cliente sabe disso e isso o deixa aflito, com o emocional profundamente desgastado”, conclui.
CRISES CONSTANTES
A ativista Maria Ferreira e amiga de Armand alerta para a possibilidade de suicídio do preso político na prisão. “Eu solicitei ao Dr. Júnior que encaminhe um pedido de exame de saúde mental do Emílio, pois várias vezes ele ameaçou se matar por não suportar a tornozeleira e as limitações impostas pelo STF. Ele tem surtos psicóticos e precisa ser acalmado. Eu sei disso porque acompanhei vários momentos em que ele gritou, xingou e ficou completamente descompensado”, relata Maria.
“Numa ocasião em que Armand ameaçou suicídio, chamei a polícia e entrei em contato com um vizinho dele para organizar a situação de socorro, já que moro em Guarulhos e ele na Lapa. Mesmo assim, fiquei monitorando à distância toda a situação. Se ele for para o presídio, tenho certeza de que ele dará cabo de sua vida”, lamenta.
QUEM É PEDRO EMÍLIO?
Maria conheceu Pedro Emílio no QG do Ibirapuera, no Comando Sudeste. Ele é ator e não trabalha. Vive com a mãe e a avó, mas nunca teve atendimento para o seu emocional frágil.
“Ele é um menino, com uma idade mental de adolescente, apesar dos 26 anos. Ele conta que seu pai era policial e morreu em serviço para proteger a Nação e que ele acredita ter o mesmo compromisso. É um menino que sonha com um País lindo”, descreve.
“Fiquei sabendo que ele estava preso em Brasília quando li a lista de pessoas que foram de ônibus do nosso QG para lá. Fiquei surpresa por ele ter ido e tenho certeza que foi por impulso porque todo mundo estava indo para lá. Quando saiu, busquei ele na rodoviária e até mesmo acompanhei ele no primeiro dia de Fórum para assinar. Desde então, passei a dar apoio emocional, razão pela qual tenho convicção de que algo grave vai acontecer com ele se não for tratado de maneira adequada, levando em conta que ele está com um problema psicológico grave”, diz Maria, com muita tristeza e angústia.
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