
Ana Maria Cemin – 16/05/2025
Em março do ano passado, o pastor João José Cardoso, 67 anos, foi condenado a 17 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ter se abrigado dentro de um prédio da República durante o bombardeio, com bombas de efeito moral, a partir de helicópteros no dia 8 de janeiro de 2023, na Praça dos Três Poderes em Brasília.
O que era para ser um abraço aos prédios dos três poderes com louvores e clamores a Deus, pedindo justiça ao povo do Brasil, transformou-se em um ataque de populares num campo de guerra, de forma indiscriminada. Naquele ambiente, os que não conseguiram retroceder, avançaram para os únicos locais seguros, para evitar os tiros de balas de borracha e bombas, que eram os prédios da República.
É muito difícil acreditar que um homem voltado à fé, pastor evangélico há 46 anos em Foz do Iguaçu, PR, tenha ímpetos agressivos. “Eu entrei para me abrigar e as portas do Palácio do Planalto estavam abertas naquele momento do ataque e ao entrar vi que já estava quebrado. As pessoas que entraram como eu apenas buscaram um refúgio para preservar as suas vidas. Isso era por volta das 4 horas da tarde”, relata o idoso.
No 8.01.2023, José foi preso dentro do Palácio do Planalto e levado ao Presídio Papuda onde ficou sete meses preso entre patriotas, passando por todo tipo de humilhação e privação. Saiu de lá em 9.08.2023 com 28 quilos a menos. Frágil e com uma tornozeleira na perna, monitorado 24 horas por dia, conheceu um mundo diferente fora das grades onde foi visto por muitos como se fosse um grande criminoso.
Meses depois, com a condenação a 17 anos de prisão, o pastor decidiu cortar a tornozeleira eletrômica e sair do Brasil. Isso foi em 24.05.24, há quase um ano. Desde então está vivendo à margem da sociedade argentina, sem trabalhar. O local onde vive na Argentina é miserável e por estar entre os manifestantes listados pelo Governo Lula parta ser extraditado ao Brasil, ele evita se expor. “Como existe esse pedido, não posso ir em estabelecimentos públicos e nem renovar o meu documento migratório. E ainda preciso estar forte para passar força aos demais exilados que vivem angustiados”, relata o pastor, com visível saudade de sua vida e dos seus familiares.
Publicar comentário