Para quem é essa mochila?
Ana Maria Cemin – 24/09/2024
Essa foi a abordagem de um morador de Brasília numa conversa comigo pelo WhatsApp há pouco tempo. Parei, olhei, não entendi o que ele queria me dizer!
Então quis saber mais, de quem era essa mochila e ele contou que Raimundo José dos Santos, 65 anos, morador de Serra, ES, deixou na sua casa para quando o seu filho sair do Presídio Papuda, para onde foi levado em 8 de janeiro do ano passado e de onde nunca mais saiu. Está condenado a 14 anos de prisão, sem que tenha depredado ou feito qualquer ato que não seja manifestar a sua opinião de forma pacífica.
O pai, numa demonstração de fé e esperança na anistia, deixou a mochila pronta na casa desse amigo que o acolhe a cada 15 dias quando vai do Espírito Santos a Brasília, de ônibus, para ver o seu filho Charles Rodrigues dos Santos, 43 anos.
Esse pai, pedreiro que ganha pouco mais de um salário-mínimo, percorre mais de 48 horas de ônibus, gasta R$ 700,00 cada vez, mas não deixa de fazer o sacrifício do corpo e do bolso. Eu sei que a conta não fecha, que ele ganha pouco, mas ele arrecada aqui e ali para não deixar de levar o abraço para Charles.
E isso da mochila…
O amigo que o acolhe em sua casa, em Brasília, me conta:
“Dentro da mochila tem tudo o que o filho precisará quando for solto, quando ganhar a liberdade… É de corta o coração!!!! É por isso que eu não desisto de lutar contra essa esquerda maldita. Se eles que estão sofrendo não desistem, têm fé, quem sou eu para desistir?”
Com nó na garganta (por sorte escrevo muito mais do que falo sobre o tema) penso igual: Eu, Ana, quem sou para desistir dos presos políticos do Século XXI desse nosso Brasil?
LEIA A HISTÓRIA DE PAI E FILHO em:
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