Ana Maria Cemin – Jornalista
16/02/2024 – (54) 99133 7567
A afirmação é da presa política Simone Aparecida Tosato Dias, 49 anos, que ficou sete meses no Presídio Colmeia. Formada em Comunicação Social na área de Publicidade e Propaganda, mora em Cuiabá, MT. É mãe de um rapaz de 21 anos que reside com ela e de outro rapaz de 16 anos que, durante a pandemia, com o “fique em casa”, entrou em profunda depressão e se suicidou, em 22 de abril de 2021. Ela me diz que a prisão de sete meses só não foi pior que a morte do filho.
Depois que saiu da prisão, Simone fechou a sua empresa e se vê diante de dívidas acumuladas com familiares que assumiram seus aluguéis, condomínios, contas de luz e com o advogado de defesa.
Atualmente trabalha e, mesmo que não ganhe como antes, consegue devolver entre R$ 500,00 e R$ 1.000,00 por mês para quem a ajudou a ficar em dia com as contas enquanto esteve presa.
CONSCIÊNCIA DE QUE ALGO PRECISAVA SER FEITO
Simone foi para o QG do 13º Batalhão de Cuiabá em 2 de novembro de 2022 com o objetivo de se manifestar pacificamente, como lhe permite a Constituição Federal. Em 12 de novembro, foi de ônibus para Brasília com um grupo da sua cidade e acampou no QG da capital federal, onde eram feitas orações e cantos patrióticos, dentre eles o Hino Nacional.
“A infraestrutura do acampamento em Brasília era muito boa, com barracas para alimentação para todos os acampados, além do ambiente ser muito colaborativo, com todo mundo se ajudando. A presença de muitos idosos passava a sensação de estarmos num movimento muito pacífico”, relata.
DIA 12 DE DEZEMBRO
Simone estava no QG de Brasília em 12 de dezembro de 2022, quando o indígena Sererê foi preso pela Polícia Federal.
“Nós estávamos no QG e o presidente Jair Bolsonaro nos chamou para ir até a casa dele, exatamente no dia da diplomação do presidente Lula. Penso até que foi intencional para que ninguém do QG fosse para a Esplanada criar alguma confusão. É a minha opinião. Ficamos lá durante todo o dia”, diz a publicitária.
Na visão de Simone, tudo indica que foi armação a prisão do Sererê e o que aconteceu na frente da sede da Polícia Federal, com queima de ônibus e carros.
“No dia 10 de dezembro, começou a chegar uma gente muito estranha no QG, que não tinha o mesmo jeito de falar dos patriotas. E chamavam os patriotas a adotar atitude violenta em função da prisão do índio. A reação dos patriotas era negar aquilo, por ser errado. Mas o fato é que tinha uma multidão acampada em Brasília e tinha os incitadores. A gente desconfia que foram infiltrados, porque uma pessoa que ama a sua pátria age de acordo com a Constituição jamais iria quebrar o patrimônio”, avalia.
Ela acredita que os infiltrados que estavam no QG foram responsáveis pela convocação dos manifestantes para irem até a Polícia Federal para pedir a soltura o índio. Simone, da casa do Bolsonaro foi ao QG e jantou. Lá soube de um ônibus que levaria patriotas para a Polícia Federal, para a sede administrativa, com o intuito de fazer uma manifestação. Foi e quando chegou viu tudo revirado, com carros queimados, e a informação era de que aquilo tinha sido feito por pessoas vestidas de preto e com máscaras.
“Entre nós tinha muitos senhores e senhoras, não faria qualquer sentido o nosso grupo ser autor de tais crimes, porque nem fisicamente seriam capacitados a fazer aquele tipo de ato. Até mesmo as mídias mostraram muitas imagens com black blocs fazendo as ações de depredação naquele dia. Eu me sentei perto de um shopping com outras pessoas, pedindo a soltura do índio e, depois, voltei para o QG. Depois do dia 12 tive a certeza de que aquelas pessoas estranhas que tinham chegado no dia 10 não eram as nossas pessoas, porque elas simplesmente sumiram depois da depredação. Vieram com uma missão, executaram e foram embora”. narra.
Simone voltou para casa, em Cuiabá, para passar o Natal com a família e decidi voltar para a Brasília no dia 29 de dezembro. No dia 1º de janeiro, com a subida de Lula na rampa, o QG esvaziou. Muita gente triste e chorando pela situação voltou para suas cidades.
POR QUE EM FRENTE AO EXÉRCITO?
As Forças Armadas foi a única instituição convidada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para acompanhar as eleições de 2022 e emitiu um relatório no qual mostrou que as urnas eram inseguras, que não teve acesso ao sistema, pois entrou na sala de dados somente com uma caneta e um papel. Ou seja, a instituição teve acesso ao que qualquer um de nós pode ter entrando no site do TSE.
“Quando a gente soube disso, logo pensou que tinha alguma coisa errada acontecendo, inclusive com registro de votos depois das 11 horas da noite. No dia da apuração, um argentino chamado Fernando Cerimedo fez uma live, afirmando que as urnas mais antigas não poderiam ser auditadas, e justo nessa hora mudou a mensagem no site do TSE”, comenta Simone.
De acordo com a presa política, muita gente estava falando em intervenção militar, mas falavam isso por influência negativa da Ana Priscila. Ela tentou alertar as pessoas para não irem atrás da ativista, porque ela inflamava as pessoas, chamando para a intervenção militar com Bolsonaro no poder.
“Não era isso que estávamos buscando; queríamos a transparência das eleições e estávamos em frente dos quartéis pelas razões que já expliquei. Desde a campanha tudo indicava erro nas eleições, como a distribuição das campanhas nas rádios de forma desigual, o que também sinalizava com alguma possibilidade de anulação do pleito”, diz ela.
VÉSPERA DO DIA 8 DE JANEIRO
Em Brasília, Simone se sentia no seu direito de manifestar sua opinião de forma pacífica e ordeira. Quando chegou no dia 6 de janeiro, ela conta que o QG recebeu gente do Brasil inteiro e não tinha como evitar que um ou outro pedisse “a intervenção militar”. Ela ia de um em um e dizia que estava errado, que o pedido era urnas transparentes e igualdade no processo de eleição, e repetia para não irem atrás da Ana Priscila.
“Penso, no entanto, que o direito de expressar a sua vontade é de cada um. Estávamos nos manifestando num mesmo local, com visões diferentes, sem um líder. As pessoas subiam no caminhão do som e falavam o que queriam e, talvez por isso, vivemos uma bagunça de informações naquele início de janeiro. Tinha muita gente no 8 de janeiro e algumas eram esquisitas, sem nenhum jeito de patriota. Com gírias estranhas. O discurso era de patriota, mas era fácil perceber que não eram”, relata.
8 DE JANEIRO
O QG de Brasília acordou com o pessoal chamando para a marcha até a Esplanada no 8 janeiro. Simone lembra de muita gente chegando naquela manhã e ela ajudou a carregar as malas de alguns e fez almoço de recepção. O Exército tinha fechado a entrada do QG, o que obrigava os acampados a fazerem uma longa caminhada entre os ônibus e as barracas. Depois do almoço Simone dormiu.
“Quando acordei, vi no Instagram uma postagem com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha Barros Junior, afirmando que a Esplanada estava pronta para receber a manifestação pacífica. Foi então que decidi ir. Eu não iria por saber que a autorização para ir à Praça dos Três Poderes não era para domingo, mas para segunda-feira ou terça-feira. E toda manifestação precisa ter prévio aviso e consentimento, até porque precisa de todo um aparato de segurança. O post do Ibaneis foi uma garantia de ordem no local”, relembra.
Simone pegou um Uber e guardou o comprovante de chegada no local às 2h59 da tarde; desceu na Rodoviária. De lá foi para a Esplanada, passou por todos os ministérios até chegar na frente do Congresso Nacional. Cerca de meia hora de caminhada. Nessa hora não tinha mais revista policial, mas eles estavam ali conversando e Simone os cumprimentou ao passar. A internet estava muito ruim, como também não estava funcionando bem no QG. Isso devido à quantidade de pessoas que fazia uso do sistema. Não tinha como acompanhar as notícias do que estava acontecendo na própria praça.
PORTA ABERTA DO CONGRESSO
A porta do Congresso estava aberta e as pessoas se manifestavam. Simone viu carrinhos de picolé e algodão doce; viu cachorros, crianças, velhos…
“Pensei comigo: Está tudo certo! Nesse momento uma amiga ligou e disse que estava com o meu carregador de celular e me chamou para ir até a frente da bandeira do Estado do Rio Grande do Sul. Subi e encontrei ela, então ficamos conversando um bom tempo e ela falou que estava com um pouco de medo. Eu disse que poderia ir comigo até o meio da manifestação, mas ela preferiu não ir por cautela”, relata.
Foi aí que começaram a estourar as bombas. Simone, por nunca ter ouvido um estouro de bomba na vida, pensou que fossem fogos de artifício, em comemoração a algum fato, e ela se deslocou até o local dos estouros para saber o que era. Ao chegar, viu o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) cercado com um cordão de policiais e os policiais começaram a tacar bomba na frente do prédio.
“Eu estava com o celular gravando tudo aquilo, fazia live e colocava no Instagram, quando a conexão da internet estava melhor. Gravei o STF todo cercado e as bombas sendo jogadas em nós. Me desloquei até o Palácio do Planalto para gravar mais um pouco e depois pensei em voltar o mais rápido possível ao QG”, recorda.
FOI HORRÍVEL SER ATACADA POR BOMBAS
Na travessia entre um prédio e outro, o ataque com bombas se intensificou e a sensação de Simone era de que estava sendo perseguida a cada passo por aquelas explosões. Como se a polícia estivesse no seu encalço. Decidiu subir a rampa até o ataque cessar.
Ela subiu a rampa de ré para registrar no celular todo aquele horror.
Sua garganta ardia, tinha dificuldade para respirar e não conseguia enxergar direito em meio à fumaça do gás. Ela sentiu que se saíssem correndo dali seria morta. Dos helicópteros, os policiais tinham a visão facilitada para alvejar os manifestantes. Estavam todos encurralados.
“Lá na rampa acreditava que os policiais dos helicópteros não jogariam bombas, mas começaram a tacar bombas na rampa também e achei que ela cederia, que todos nós cairíamos”, diz Simone, revelando o forte o instinto de sobrevivência. “Um senhor fardado, que estava próximo a mim, disse para eu entrar no Palácio do Planalto e me sentar lá dentro. Afirmou que o Exército Brasileiro estava lá dentro para proteger as pessoas. Acreditei e entrei”, relata.
Ao entrar, Simone viu muitas pessoas sentadas orando, junto aos militares. Os patriotas estavam terminando de cantar o Hino Nacional e teve início a oração do Pai Nosso. Poucos minutos depois começou uma grande confusão dentro do Palácio do Planalto. Foi quando a Polícia de Choque chegou.
TODO MUNDO ESTÁ PRESO
“A Polícia de Choque entrou de forma agressiva, falando muitos palavrões. E eu pensava…Será que o Choque está falando com a gente mesmo? Não pode ser! Fomos chamados de terroristas e outras tantas coisas mais, nos trataram como se fôssemos criminosos. Aliás, nem quem comete crime hoje no Brasil é tratado daquela forma. Enquanto éramos tratados aos gritos, eu olhava para os lados e só via gente idosa e pacífica por ali. Não tinha o menor sentido o que estava acontecendo”, narra.
Obrigados a deitar no chão e depois se sentar, os presos políticos assistiram cenas revoltantes na sequência. Numa delas, o comandante perguntou se tinha alguém passando mal e uma mulher chamada Daniela levantou o braço. Ele a chamou para perto e, quando chegou, ela foi agredida e jogada no chão com uma rasteira.
“A gente percebia que do lado de fora do Palácio tinha uma guerra e nós caímos na armadilha. Éramos pessoas corretas e nos foi ensinado a confiar na polícia, então foi fácil nos enganar. Em primeiro lugar, eu confiei no convite feito pelo govenador do DF pelas mídias sociais para uma manifestação pacífica. A minha leitura era de que seríamos protegidos se participássemos dos atos, que os policiais impediriam qualquer tipo de ato agressivo para que a nossa manifestação acontecesse. Tudo estava invertido naquele momento”, conta Simone.
Simone não tinha presenciado o quebra-quebra e quando chegou viu a polícia muito tranquila no local. Chegou depois que a depredação tinha acontecido, um pouquinho antes das bombas e tiros de borracha iniciarem. Ficou sabendo dentro do presídio, pelas colegas de cela, que foi dado um intervalo para jogar as bombas sobre os manifestantes. E Ela deve ter chegado na segunda fase do ataque com bombas.
ARMADILHA DA ESQUERDA
“Quem viveu a experiência não tem qualquer dúvida que caiu numa armadilha da esquerda, tanto que o relatório da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), que Alessandro Moretti tinha feito, e que o Lula mandou embora, responsabiliza o governo pelo 8 de janeiro. Nós chegamos a essa conclusão dentro do Presídio Colmeia. Eu tive voz de prisão dentro do Palácio do Planalto, com outras mais de 200 pessoas, depois de ser convidada por uma pessoa fardada para entrar e me proteger das bombas.
Todas as pessoas que estavam ali eram pacíficas e, além de bater na Daniela, o Choque bateu num outro rapaz que disse que não éramos terroristas. Esse patriota foi arrastado por cima de algumas senhoras que acabaram sendo machucadas. Bateu também num senhor que estava do meu lado por ele estar enviando mensagem de celular. Deram dois chutes nas costelas dele, pisaram no celular dele. Nessa hora fomos obrigados a guardar as nossas bandeiras do Brasil. Os policiais pisavam na Bandeira do Brasil sem qualquer respeito ao símbolo de nossa pátria.
Começaram a nos algemar, mas tinha no máximo 20 algemas. Eu seguia com a minha consciência tranquila. Não acreditava que algo ruim aconteceria comigo. Prenderam as minhas mãos com enforca gato e todos nós fomos levados para cinco ônibus, com capacidade para 50 pessoas, com pessoas sentadas no chão, inclusive. Dois policiais iam conosco e aí vem uma pergunta: dois policiais iriam tranquilamente dentro de um ônibus com 50 pessoas violentas: Não, jamais!”, conclui.
POLÍCIA CIVIL
Simone perguntou para onde estavam os levando e foi informada que iriam para a delegacia de polícia para prestar depoimentos e depois seriam liberados. A presa política pensou: Ufa! Graças a Deus! Nisso tocou o seu celular, muita gente tentava contato com ela para saber o que estava acontecendo, mas ela estava com as mãos amarradas. Não atendeu. Simone percebia claramente que os policiais civis não estavam acreditando no que estava acontecendo com os manifestantes e os tratava muito bem.
A angústia de todos crescia porque ninguém falava quando seriam liberados para ir embora. Começaram, então, a separar os homens das mulheres, e disseram que passariam somente uma noite num alojamento, para então serem liberados após a audiência de custódia. Suas mochilas foram revistadas e seus celulares foram recolhidos.
IML
Simone e as demais mulheres foram levadas para um banheiro e ficaram nuas para serem revistadas no Instituto Médico Legal (IML). Na sequência foram levadas para o Presídio Colmeia, onde foram muito maltratadas.
“Possivelmente porque estavam acreditando na narrativa de que éramos terroristas e que estávamos fazendo um golpe de estado, como os veículos de Comunicação estavam divulgando. Só que para ter golpe de estado é preciso ter uma instituição liderando, alguém para colocar no lugar e uma tropa armada. Não foi o caso”, diz Simone, e continua: “Outra acusação é de abolição do Estado Democrático de Direito, outro absurdo porque nós estávamos nos manifestando justamente fazendo valer o nosso direito Constitucional.”
PRESAS DE MADRUGADA
“Do nada fomos levadas presas às 3 horas da madrugada do dia 9 de janeiro. Tínhamos que ficar nuas e abaixar três vezes de frente e três vezes de costas. Abrir as pernas para ver se tinha alguma coisa escondida. Depois entregaram uma roupa sujas, mofadas e furadas, cheirando mal. Muitas senhoras e senhorinhas choravam muito naquele momento, então eu tentava acalmar dizendo que estava tudo bem, que a gente sairia logo, após tudo esclarecido. Se para mim foi traumatizante, eu fico imaginando para uma avó de 60 e 70 anos que foi presa”, relata.
…Até esse momento, Simone que estava muito tranquila narrando a história, mas foi tomada pela lembrança forte da dor estampada nos rostos dentro da prisão e começou a chorar. Presenciar a dor das vovozinhas sendo torturadas daquela forma ainda mexe demais com as suas emoções, por lembrar da sua própria avó.
HUMILHAÇÕES E FOME
Logo na chegada no Presídio Colmeia perguntaram às presas políticas: “Você é de direita ou de esquerda?”. Simone diz que até hoje não sabem se alguma pessoa de esquerda foi retirada do grupo de mulheres, até porque ninguém se conhecia até então. Na sua percepção, dentro da cela todas eram de direita.
“Foi terrível chegar naquele corredor horrível, que lembrava cenas de filmes que você pensa nunca ter que viver, como “A espera de um milagre” ou “Milagre na Cela 7”. Uma pessoa que sempre viveu com honestidade, lutou pelo bem e sempre foi justa jamais espera chegar num lugar assim e passar por aquilo”, lamenta.
SIMONE CHORA NOVAMENTE…
“Esse momento do corredor do Presídio Colmeia só não foi pior do que a morte do meu filho, mas foi bem traumatizante. Abriram aqueles portões de ferro e nos levaram para uma ala imunda e fedorenta. Nós estávamos há muitas horas sem poder ir ao banheiro e quando fomos usar o vaso estava totalmente entupido. Tivemos que tirar de cinco a seis sacos de cocô de dentro do vaso antes de usar.
Quando entramos na cela, ganhamos colchão novo e descobrimos que eles foram comprados poucos dias antes. Até entregamos as etiquetas para os parlamentares que foram nos visitar para mostrar que era verdade o que contamos a eles. E até mesmo conversando com as próprias internas do presídio a gente concluiu que foi tudo armado para a gente estar lá. Na véspera, trocaram de ala algumas presas, outras criminosas foram liberadas, só para a gente poder entrar.”
PRIMEIROS MOMENTOS
“Ao chegarmos às 3 horas da madrugada, dormimos um pouquinho e, por volta das 7 horas da manhã, começaram a chegar mais mulheres que foram presas no Planalto e no Senado. Só no dia 10 de janeiro, começaram a chegar as mulheres presas no QG.
Passamos muita fome no presídio e nem colher para comer nos forneceram nos primeiros dias; usávamos a mão. Tínhamos dois vasos sanitários usáveis e um chuveiro para 137 mulheres. Num único tanque a gente lavava roupa e toma água. Aquela era a única fonte de água que tínhamos e saía escura da torneira.
Com a chegada dos advogados, passamos vergonha por estarmos sem calcinha e sem sutiã, vestindo roupas usadas e surradas. E, para piorar, a policial brigava conosco por não termos sutiãs. Não tínhamos por que tiraram de nós. Então pegamos os sacos dos colchões novos e amarramos no peito improvisando sutiãs. Foi a forma de passar pelos policiais sem sermos novamente humilhadas e criticadas.”
SABÃO PARA LAVAR AS ROUPAS FEDORENTAS
Depois de três dias presas, as patriotas receberam sabão em pó para lavar a única roupa que vestiam. O sabão nem fazia espuma. Receberam um kit que continha uma pasta de dentes com qualidade muito duvidosa.
Um único tanque virou o centro de toda a higiene das presas de 8 de janeiro: lavar mãos, escovar os dentes, roupas e o que fosse. E não tinham direito a pedir nada, porque se o fizessem eram humilhadas.
Em dado momento, a direção do presídio compareceu à cela e pediu desculpas pelo tratamento dispensado pelos policiais, porque eles não entendiam que elas não eram criminosas. A direção prometeu conversar com as carcereiras para melhorar o atendimento. A partir de então algumas melhoraram a forma de tratamento, mas outras começaram a tratar ainda pior, por saberem que éramos patriotas.
“Dentro do presídio comemos comida azeda e com bicho. Nos entregavam uma pasta que depois descobrimos que era resto de gordura com outros produtos que não era carne, mas foi servido como se fosse. O arroz e o feijão chegavam crus e com cabelos, bichos, pedaços de luvas e cacos de vidro. Era um horror, não tem nem como descrever. Isso tudo somado fez com que as senhoras passassem muito mal, seja pelas condições de higiene, pela água suja que éramos obrigadas a tomar por ser a única possível, tinham diarreia. Também foi comum as mulheres vomitarem muito naqueles primeiros dias em decorrência dos gases respirados na Praça dos Três Poderes, inclusive com sangue”, lembra.
DO LADO DE FORA DO PRESÍDIO
Ao sair do presídio, Simone tomou pé sobre as notícias dos veículos de Comunicação, a reprodução fiel à Globo. A narrativa os coloca como terroristas, que queriam Golpe de Estado, que tentaram abolir de forma violenta o Estado Democrático de Direito, que são um grupo criminoso armado e que causou danos ao patrimônio público. Na mente dela fica a pergunta: Como alguém pode acreditar que é possível fazer isso com uma Bíblia e uma bandeira do Brasil nas mãos, sem nenhuma arma?
“Dentro do presídio Colmeia, a gente conversou muito. Tinha gente que esteve dentro do prédio do Supremo Tribunal Federal e a polícia olhou os infiltrados quebrando, mas somente os patriotas tentaram defender o patrimônio público.
Como as pessoas comuns, como nós, poderiam conter aquilo tudo se a polícia estava parada olhando, sem agir?
Essas pessoas violentas estão acostumadas a fazer aquilo. Não eram pessoas da nossa índole. Muito parecido com as invasões e quebra-quebras do Movimento dos Sem-terra (MST) e dos Black Blocs. Nada parecido com o movimento patriótico de direita. São pessoas sem medo e sem dó de quebrar”, reclama, com justa indignação.
JULGAMENTO
“Estou sendo julgada por cinco crimes, que somados representam 30 anos de prisão, sendo que não tem qualquer prova contra mim e nem vão encontrar se procurarem. As condenações que estão sendo dadas para quem estava dentro dos prédios se abrigando das bombas e tiros é de 14 a 17 anos de prisão. O meu julgamento ocorre do dia 16 a 23 de fevereiro, num plenário virtual. O meu advogado poderá enviar um vídeo com a defesa, que a gente nem sabe se alguém assiste, logo em seguida o ministro relator Alexandre de Moraes depositará o seu voto. Ele apertará um botão e enviará algo que é uma cópia para todos, mudando somente o nome, CPF e endereço do réu. Não temos o direito de nos defender, porque para mim envio de um vídeo não é defesa. Depois de depositado o vídeo não sabemos o que ocorre dentro do STF e o empenho em ver as provas da inocência. Diante do ataque da polícia com armas, qualquer pessoa se abrigaria num prédio. É instinto de sobrevivência, de proteção à vida. Lá fora eu via pessoas ensanguentadas, com o olho atingido por bala de borracha.
O primeiro reflexo que você tem quando vê um carro passando é desviar dele, garantindo a sua vida. E foi com esse instinto que adentrei o Palácio do Planalto e, ainda, convidada por uma pessoa fardada de policial”, narra Simone.
Chegamos onde mesmo a maioria das pessoas mais conscientes não acreditava que chegaríamos tão cedo a 30% disso ,patriotas inocentes tratados como bandidos e bandidos soltos com outros privilégios,inclusive de sair logo após cometer um crime ,pra mim essa armação impiedosa e maligna é um crime ediondo brutal que está sendo normalizado.
Muito triste.
Vejo nisso tudo, que eu poderia estar lá e ser como estes, empurrada a essa armadilha.
No mundo e no nosso país a lei humana, cada dia mais, é injusta e mentirosa.
Mas há um Deus justo e a Sua justiça é certa.
STF DONO DE TODO CARTEL DA CORRUPÇÃO DESSE PAÍS BEM ABAIXO DOS EXCREMENTOS DA COVARDIA DESUMANA, DA CANALHICE SOBERBA, EM BUSCA DO PODER EM AMOR A RIQUEZA ILÍCITA !! SÃO DEMÔNIOS, BÁRBAROS ASSASSINOS GENOCIDAS, LÓGICO COVARDES, SEUS ALIADOS SÃO COMPRADOS PELO DINHEIRO DOS IMPOSTOS DO POVO !! E AS FAA SÃO O PRINCIPAL APOIADORES DO REGRESSO DO DESGOVERNO COM IMPLANTAÇÃO DO COMUNISMO GENOCIDA !! E AGORA O STF É O DONO DO CRIME SEM LEI !! O CRIME É A LEI !! E A LEI É O CRIME !! …POVO VAMOS PRA RUA !!
Um Horroroso, Tenebroso,Imundo, Holocausto ao Povo Brasileiro, Um Ato TERRORISTA Monstruosamente, a Nível da Alemanha Nazista!!
Juro,com 68 anos,me sinto acabado por tudo isso ao meu povo e a Nossa Nação,pesadelo de terror fato nunca vivido pelo povo Brasileiro!!
Todos os Autores Deste Genocídio Teram Que Ir Pra Um Paredão, e Fritado Com Uma Grande Rajada de Tiros de Fuzil Automático, 338 Lapua Magnum,no minimo,
Ter os Bens Confiscados, e Suas Famílias,Degredadas do Brasil!! Nem como cadáveres merecem o Solo Brasileiro!!
Pobre Senhora e os Demais…Que Deus na Sua Infinita Misericórdia,Sempre se Faça Sobre Todos os Acometidos Por Tamanho CRIME de Guerra e Terror, Jamais,Impresquitivel!!
Conheci a Simone, quanta tristeza estamos vivendo. Parece mentira que tudo isso aconteceu e continua acontecendo em nosso país . Quando isso tudo vai acabar e quando será feita a justiça aos patriotas que tanto sofreram na prisão e hoje sofrem por essas condenações absurdas? Deus tenha misericórdia do Brasil e dessas pessoas que nada fizeram de arradocpara passarem por tudo isto.