
Ana Maria Cemin – 12/05/2025
A advogada Taniéli Telles de Camargo assumiu o caso do preso político Guilherme Rodrigues da Silva que até então estava sem entender a sua situação. “O processo está parado há sete meses sem uma posição da Procuradoria-Geral da República (PGR), sendo que o ministro Alexandre de Moraes determinou um prazo de 15 dias para arquivamento ou outra decisão da PGR, isso ainda em outubro do ano passado. A conclusão possível é apenas incitação e o tempo de uso de tornozeleira já ultrapassa a pena em caso de condenação”, relata a advogada. E diz, ainda, “vou peticionar requerendo a retirada da tornozeleira eletrônica”.
Aos 51 anos, esse motorista de aplicativo deixou de trabalhar no ramo por ser um investigado da Polícia Federal e não ter mais a sua “ficha limpa”. Desde o final de 2023 ele está sendo investigado de forma sigilosa por conta de um vídeo que publicou em 2022 e o andamento do seu processo é difícil de ser acompanhado pela defesa, como a advogada relata mais adiante. O que se sabe de mais contundente é a experiência traumática de virar um preso político de uma hora para outra, ter a sua casa revistada e seu celular levado pela PF por ordem do ministro Alexandre de Moraes.
Guilherme usa tornozeleira eletrônica desde 29.02.2024, quando esse gaúcho, que nunca foi a Brasília, recebeu a Polícia Federal na porta de casa por volta das 6 horas da manhã com o mandado de busca e apreensão. Naquele mesmo dia foi conduzido até a Central de Monitoramento para colocar o equipamento na perna e passou a cumprir rigorosas exigências impostas pelo STF, como assinar no Fórum todas a segundas-feiras, não sair da comarca de Gravataí, RS, onde reside, além de proibição de sair de casa à noite e em finais de semana.
“Eu sou enfático com as palavras e talvez não tenham gostado quando publiquei um vídeo afirmando que as manifestações são asseguradas pela própria Constituição, que nenhum tipo de força policial poderia conter o povo se 10.000.000 brasileiros fossem marchando até Brasília para exigir os seus direitos, inclusive cobrando a revogação da própria eleição, que foi uma fraude”, comenta Guilherme.
A pergunta que fica no ar depois de 15 meses é “Qual será o destino de Guilherme?”. A PF pediu a prisão preventiva de Guilherme ainda em 2023, o Ministério Público Federal e o STF consideraram melhor aplicar as cautelares com uso de tornozeleira eletrônica. Porém, a investigação continua, é sigilosa e a PGR está atrasada em mais de meio ano na resposta à solicitação de Moraes. Enquanto isso, Guilherme segue privado de sua liberdade esperando uma solução dessa ação conjunta da PF/MP/STF, baseada no fato dele ter expressado a sua opinião nas mídias sociais.
“Não tem nada contra Guilherme de fato. Ele foi acusado de incitação por um vídeo que ele fez em 15 de novembro e a investigação quer de alguma forma relacionar o conteúdo com os acontecimentos do 8 de janeiro, quando ocorreram depredações em prédios da República. Na avaliação do conteúdo do celular de apenas há a conclusão de que Guilherme não acreditava no resultado das eleições e que Bolsonaro tinha sido eleito. Ou seja, nada de relevante. O relatório da PF cita, ainda, que em fevereiro do ano passado Guilherme fez um vídeo convocando o pessoal para ir para a manifestação na Paulista. Ou seja, nada que possa incriminá-lo. Porém, como o processo dele corre de forma sigilosa, como defensora só tomo conhecimento do que está acontecendo quando intimada. Pelo que estudei do processo, que ainda é uma PET avulsa vinculada ao Inq. 4921, ele pode ser denunciado e tornar-se réu por incitação ao crime. Porém, as declarações de Guilherme nas mídias sociais não podem ser associadas ao que ocorreu em Brasília em 8 de janeiro, porque o vídeo dele era referente ao 15 de novembro, data da Proclamação da República”, avalia a Dra. Taniéli.
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