
Ana Maria Cemin – 19/02/2025
Após as denúncias de tortura sofridas pelo preso político Lucas Brasileiro, 29 anos, se tornarem públicas, ele foi removido da massa carcerária do Presídio Papuda e levado para a Penitenciária do Distrito Federal IV (DF IV), bloco 2, ala B, cela 03, onde estão os outros presos políticos. Isso aconteceu nesta segunda-feira, 17 de fevereiro, à tarde.
“Nós fizemos um trabalho de denúncia sobre essas agressões com a ajuda da defesa do meu filho, protocolamos na Defensoria Pública da União (DPU) e a imprensa noticiou. Estamos colhendo os frutos desse trabalho formiguinha: meu filho saiu do local onde ele estava em risco de vida. Eu sei que isso tudo terminará um dia (referindo-se às prisões injustas de pessoas inocentes) e espero poder dar informações para uma matéria diferente, só com alegrias”, diz o pai emocionado, que tem lutado desde a última semana de janeiro para que Lucas fosse levado para uma cela mais segura.
Noticiamos a denúncia de Evandro ainda em 24.1.2025, quando relatou sobre as agressões sofridas por Lucas no final do ano, quando ele foi transferido do Centro de Detenção Provisória (CDP) para a Penitenciária do Distrito Federal I (PDF I), onde ficou misturado com a massa carcerária.
“Na pequena distância de 600 metros entre um prédio e outro, todos os presos foram algemados e colocados num camburão, porém antes da porta do veículo ser fechada os policiais acionaram gás de pimenta. Quando a porta foi aberta, todos estavam praticamente desfalecidos dentro do camburão”, conta Evandro, destacando que o policial ainda zombou deles dizendo que “sabia o tempo certo para deixar eles sofrendo sem que o dano fosse maior“.
Até Lucas ser transferido, Lucas estava numa cela superlotada, sem ventilação, mofada onde todos dormem no cimento por não ter colchões. A comida é azeda e estragada. “Mas o que me deixou arrasado, mais ainda, foi o relato da tortura sofrida na transferência entre os prédios. Levei essas informações ao conhecimento da Defensoria Pública, que eu posso testemunhar que tem feito um excelente trabalho”, relata Evandro.

Evandro visita o filho a cada 15 dias e é quando pode levar algo para aplacar a fome de Lucas lá dentro: 1kg de biscoito, 300g de batata palha, 300g de castanha, dois pacotes de torrada e 28 doces de 40g. “É impossível comer o que servem no presídio e isso que levo não pode ser considerado alimento, muito menos para para quinze dias. É um absurdo”, protesta.
Apesar de jovem, Lucas tem apresentado sintomas de fraqueza e tosse muito, possivelmente pelas condições sanitárias da cela. Outro agravante é que no período em que ficou preso em 2023, de 8.01 a 19.08, ele sofreu uma queda e fraturou o calcanhar e machucou as costas. De volta ao presídio no ano passado, há pouco mais de seis meses, Lucas foi agredido com chutes nas costas por policiais, motivo da primeira denúncia de Evandro.
SITUAÇÃO DE LUCAS
O Lucas cumpre pena de 14 anos de prisão. Durante a tarde do dia 8.1.2023 Lucas participou de concurso público próximo à Praça dos Três Poderes. Depois de concluída a prova, foi até o local da manifestação. Devido ao bombardeio e tiros de bala de borracha, Lucas Brasileiro se abrigou num prédio da República. O jovem advogado foi preso ainda no dia 8 de janeiro dentro do prédio. Esse fato o fez ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal.








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