
Ana Maria Cemin – 02/06/2025
Ele será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de 6 a 13 de junho, por uma acusação de golpe de estado armado feita pelo Ministério Público por ele ter saído de Juiz de Fora, MG, para Brasília para uma manifestação que julgava ser pacífica, como todas as demais dos conservadores.
Até então, a vida da família era harmoniosa: Robson Victor de Souza, 49 anos, trabalhava como pedreiro e sustentava a casa, enquanto a esposa Daniela, 49 anos, cuidava da mãe de 79 anos com Alzheimer e da casa. A filha Ana Beatriz, 25 anos, apresentou problemas com a doença inflamatória chamada Crohn aos 9 anos, mas estava sob controle com medicação e exames regulares.

Desde que o marido foi a Brasília e preso, quem assumiu as despesas da casa foi Daniela, que de dona de casa passou a trabalhar com faxinas. A tornozeleira que está em sua perna do marido há mais de dois anos o impediu de seguir nas atividades e a esposa resolveu inverter os papéis: Robson passou a cuidar da sogra que precisa de atenção e, mais recentemente, da filha Ana Beatriz, que em 14.04.2025 teve uma hemorragia esofágica.
“Nossa filha foi internada às pressas e quase morreu no mês passado. Desde que Ana Beatriz fez um transplante hepático em 2019, ela com complicações, mas não num nível tão grave como o que vivencia nesse momento. Tanto é que desde o ano passado ela cursa Psicologia na Faculdade Estácio de Sá. Agora ela precisa de atenção especial e em todo o período em que esteve internada no hospital foi o pai que a acompanhou. Agora está em casa, e é ele quem a alimenta, leva para o banho de sol, para o quarto, porque eu preciso trabalhar e é uma bênção o trabalho que consegui de faxineira. Com o dinheiro que recebo consigo pagar as fraldas e remédios para as duas, quitar as contas da casa, fazer as comprar de comida e vestimentas necessárias”, relata Daniela, que tem enfrentado esse desafio de assumir três pessoas, que hoje dependem totalmente da sua bravura.

Não bastasse o medo do marido ser preso em breve, condenado a 14 anos de prisão, como está acontecendo com todos os demais presos políticos na mesma situação dele, ainda a saúde da filha está dependendo de uma medicação que custa R$ 108 mil.
“O médico disse que para resolver o problema da Ana Beatriz precisamos do remédio USTEQUINUMABE, mas o Governo não fornece e nós não temos a menor condição de comprar”, desabafa a mãe da doente.
Sobre o marido ter ido a Brasília, Daniela conta que ele tinha R$ 300,00 em casa e surgiu a oportunidade da viagem no início de 2023. Todos da família acharam interessante a oportunidade de conhecer a capital federal e essa seria uma excelente oportunidade.

“Como eu tinha a mãe para cuidar, acabou indo só o meu marido, com o meu total apoio. Com o dinheiro que tinha em casa comprou uma barraca e foi no ônibus de excursão. Quando estava em Brasília, ele nos contou bem feliz que a marcha para a Praça dos Três Poderes estava sendo acompanhada por policiamento, portanto era muito segura. Ele foi descrevendo tudo para nós, que estávamos curiosos com a experiência. Tirou fotos e mandou para a gente. Foi muito bacana! Inclusive ele foi revistado antes de entrar no local. Lá na praça, depois de ver o Congresso sendo quebrado por homens agressivos, Robson ficou indignado e voltou para o QG. Na manhã seguinte foi preso ao acordar e voltou para casa somente três meses depois, porque o levaram para o Complexo Penitenciário Papuda. E nessa sexta-feira, dia 6 de junho, inicia o julgamento que definirá o futuro dele. Nossa angústia é muito grande, porque a tendência é a condenação e eu não sei como será possível cuidar de nossa filha e da minha mãe sem ele em casa”, desabafa.


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