PRESO POLÍTICO PODE PERDER O PÉ NO PRESÍDIO
Ana Maria Cemin – Jornalista – 15/07/2024
“Márcio quebrou o pé antes de ser preso pela segunda vez pela Polícia Federal, em abril desse ano. Ele poderá perder o pé por estar sem tratamento dentro da Casa de Detenção José Mário da Silva (Urso Branco), em Rondônia. A mãe de Márcio tem acesso a ele a cada 10 dias, quando leva medicação apenas para passar a dor, nada mais. Ele segue mancando lá dentro e sem uma solução para o problema de saúde”, denuncia a advogada mineira Jeanne Franco, que passou a atender o preso político em maio.
Márcio Castro Rodrigues, 44 anos, tem dois filhos, de 14 e 18 anos, que estão sendo cuidados pela avó materna e pela genitora desde que ele foi recolhido pela segunda vez ao presídio, supostamente por “descumprir as cautelares” exigidas pelo ministro Alexandre de Moraes para a liberdade provisória, enquanto não ocorre o seu julgamento. O uso de tornozeleira de criminoso já dura mais de ano e não há nenhuma previsão de que os patriotas presos no QG de Brasília, como ele, sejam julgados. São mais de 1.000 pessoas nessa situação.
DUAS PRISÕES E VIDA DESTRUÍDA
Ele era funcionário público municipal concursado em Porto Velho, RO, até ser preso em Brasília no dia 9 de janeiro de 2023, por estar acampado em frente ao quartel do exército. Desde então, está desempregado por ter sido exonerado. Em 11 de maio do ano passado, ele saiu do Presídio Papuda e voltou para Porto Velho, quando começou a ter sérios problemas financeiros.
A segunda prisão de Márcio ocorreu em 10 de abril desse ano, por não comparecer ao fórum e por usar as redes sociais. A atual advogada de Márcio explicou nos autos que o seu cliente sofreu um acidente e quebrou o pé, tendo ficado internado por dias. Márcio entregou toda a documentação médica e hospitalar para a Defensoria Pública, mas não foi anexada aos autos. Ao assumir o caso, a Dra. Jeanne providenciou essa correção.
“O quadro de saúde do acusado oscila, motivo que levou a cometer o erro de descumprimento da medida cautelar referente ao uso de redes sociais”, explicou na petição ao ministro do STF, destacando ainda que a publicação nas mídias sociais citada no processo teve uma única curtida e 17 visualizações, o que não representa nenhuma ameaça à segurança pública, justificativa utilizada para manter o seu cliente preso em presídio, junto com criminosos julgados e condenados.
Além de pedir a reconsideração da prisão preventiva, a advogada também pede para trocar o preso de cela, por ele estar em frequente ameaça, entre presos perigosos. “Fiz esse pedido e responderam que não podem fazer a troca de cela, porque o local mais adequado chama-se cela livre, ocupada por pessoas aptas a trabalhar, condição que a administração do presídio entende que Márcio não tem por ter o problema no pé”, conclui.
Juliane de Paula Guedes
É um escárnio! Meu querido amigo Márcio, sempre peço a Deus por você! Homem bondoso!
Rodrigo Figueiredo
Dra Jeanne é super competente, mas não há direito líquido e certo que seja respeitado pelo aparelhamento do judiciário em nosso país.
Perola Tuon
O pessoal do 4921 tem a opção de assinar o ANPP, sair da cadeia e tocar a vida com ficha limpa. Dramática mesmo é a situação do pessoal do 4922 que não tem essa alternativa.
3 comments