Por Ana Maria Cemin – Jornalista
15/11/2023 – (54) 99133 7567
Dos 19 Antônios presos na tragédia “democrática” de 8 de janeiro de 2023, um não usa mais tornozeleira eletrônica e não precisará mais passar pelos sofrimentos impostos pelo Estado Brasileiro, pelo fato de ser um manifestante conservador. Antônio Marques da Silva, nascido em 4 de agosto de 1974, operador de máquina de terraplanagem em Barra do Garças, município do Mato Grosso, morreu por conta de um acidente num “bico” que fazia, que consistia em conserto de um telhado. A queda ocorreu em 29 de outubro e ele deixa a esposa Simone Leandro da Silva, 36 anos, e os dois filhos: Bernardo, de 4 anos, e Leo, de 12 anos. Antônio era provedor da casa e, com sua morte, a família ficou desamparada. Ele não tinha um trabalho formal devido ao uso da tornozeleira e as restrições impostas pela justiça.
Antônio foi um dos 1.398 manifestantes de 8 de janeiro recolhidos aos presídios de Brasília por decisão do STF. Alguns manifestantes ainda permanecem presos desde então, outros engrossaram a lista de presos depois disso (devemos ter 1.500), mas o falecido estava em prisão domiciliar, obrigado a comparecer ao Fórum toda segunda-feira para assinar, não podia sair da comarca para exercer seu ofício, ao anoitecer deveria obrigatoriamente estar de volta à residência e, aos finais de semana e feriado, permanecia trancado 24 horas no seu lar.
A sua esposa me conta que a vida de Antônio não foi nada fácil depois que foi solto, até porque trabalhar com máquinas de terraplanagem exige a liberdade de ir para longe do local onde mora. Isso ele não podia fazer, sob pena de voltar para o presídio.
“Completou hoje 18 dias que ele foi fazer um telhado na casa de um senhor e acabou caindo, bateu a cabeça e não resistiu”, relata Simone, angustiada. “Meu marido era quem comandava tudo aqui em casa. Era ele que colocava as despesas em dia e supria as nossas necessidades. Estou tentando pensão pelo INSS, mas não sei como vai ser a partir de agora. Algumas pessoas estão me ajudando com cesta básica, mas confesso que não está fácil, mas não posso desistir porque tenho duas crianças”, desabafa, com muita tristeza.
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