Ana Maria Cemin – Jornalista – 17/07/2024
Quem tem empatia entenderá o quanto é difícil para a mãe da jovem Calone Natália Guimarães Malinski, de 26 anos, recomendar para a filha que não aceite o Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) proposto pelo Ministério Público, em combinação prévia com o STF, para que ela saia do Presídio de Nortelândia, MT, para onde foi levada no dia 8 de julho, quando foi assinar no fórum.
“Dois dias depois dela ser presa, recebi uma ligação da Defensoria Pública da União apresentando o ANPP. Para fazer esse acordo, a Calone tem que assumir a culpa de algo que ela não fez. Depois disso, eu visitei a minha filha na prisão e pedi para que não ceda, não assine, pois não é justo. Minha filha foi bem-educada, não me dá trabalho e foi a Brasília participar de uma manifestação e não fez baderna. Foi presa injustamente no QG e ficou 50 dias no Presídio Colmeia. Voltou para casa com uma tornozeleira e uma série de restrições que ela cumpriu rigorosamente”, diz a mãe da presa política, Julita Guimarães, 57 anos, proprietária da uma mercearia localizada no Assentamento Antônio Conselheiro, Agrovila 7, que fica em Tangará da Serra, MT. Julita tem outros dois filhos, um de 15 e outro de 29 anos. Toda família trabalha junto no negócio da matriarca.
A PRISÃO FOI UMA SURPRESA
Desde que voltou de Brasília com as cautelares da liberdade provisória, Calone seguiu rigorosamente as restrições e carregava regularmente a bateria da tornozeleira eletrônica. Na segunda-feira, dia 8 de julho, foi ao fórum assinar a presença (obrigação imposta somente para presos políticos brasileiros) e foi informada que a sua tornozeleira ficou sem sinal por 15 dias. Por conta disso, havia um mandado de prisão do Alexandre de Moraes.
“Nenhuma notificação foi feita a respeito. Nem uma ligação, para que pudéssemos corrigir esse erro do sistema. Chegou no fórum e foi presa, sem direito algum de defesa, de justificativa”, diz a mãe alarmada. Minha filha está com a Defensoria Pública, mas fui atrás de advogados para ver se algum conseguiria trazer a minha filha de volta, mas todos com quem falei aqui na minha cidade disseram que nesse processo não há nada a ser feito, pois estão com as mãos atadas”, relata.
Julita tem esperança de conseguir tirar a filha sem fazer o ANPP e pediu para que Calone aguente firme por três meses até que ela consiga achar um caminho. “Eu conheço a minha filha, cumpriu todas as cautelares. Não é de sair de casa e nunca me incomodou na vida”, conclui.
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