Ana Maria Cemin – Jornalista – 05/08/2024
A imagem de capa é de uma família feliz até ser destruída após a manifestação de 8 de janeiro. A mãe não está mais em casa. O pai largou o trabalho para cuidar da menina. O filho do casal, com apenas 20 anos, ganha o sustento trabalhando num posto de combustível. Não existe auxílio reclusão, porque a presa política atuava como faxineira autônoma. Essa é mais uma história difícil e real do Brasil.
A matéria que segue é sobre os sentimentos da irmã da presa política.
Quando Edineia Paes da Silva Santos, 39 anos, foi presa em Brasília em 8 de janeiro de 2023, a vida de sua irmã Simone, 38 anos, virou de cabeça para baixo. Até então, Simone estava de briga com a irmã por ser de esquerda, por defender Lula, enquanto Edineia defendia um Brasil melhor para os seus filhos, razão que a levou ir até a capital federal no início do ano passado, para uma manifestação pacífica e ordeira, a exemplo do que conhecia em Americana, SP.
Passados mais de um ano e meio dos fatos, Simone diz que se arrepende de ter acreditado num partido que prende pessoas inocentes, como a irmã dela, e acabou entendendo que a bandeira da direita se aproxima de seus princípios. Inclusive, Simone lutou para encontrar a melhor solução de defesa jurídica para a irmã. Foi atrás do Dr. Hélio Júnior, via Instagram, para que ele assumisse o caso. Dr. Júnior prontamente assumiu Edineia e atende pro bono, diante das condições de hipossuficiência da família.
SETE MESES PRESA EM 2023
“Minha irmã foi presa em Brasília e ficou sete meses longe de toda a família. Nós somos de Paranacity, PR, e não tínhamos dinheiro para ir a Brasília. Meu cunhado, casado com Edineia, tinha que cuidar dos dois filhos (Maria Eduarda, 10 anos, e Vitor Manoel, 20 anos) e trabalhar em Americana. A prisão dela nos deixou desestruturados, porque a gente só conseguiu saber dela dentro do Colmeia depois de três meses de prisão, quando o Dr. Júnior assumiu o caso”, conta Simone, muito chorosa, revelando que a prisão de Edineia até hoje provoca pensamentos suicidas. “Eu me sinto muito culpada por tudo que está acontecendo com a minha irmã”, diz, se referindo à prisão e à condenação de Edineia a 17 anos de cárcere pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Minha mãe (Dona Cleonice) sofre muito com tudo que está acontecendo com a Edineia e sua família. Ela fará 60 anos em breve e não é aposentada, trabalha como todos nós. Eu trabalho na roça com corte de cana, minha mãe numa empresa e temos uma vida de muito trabalho e sacrifício. A nossa tristeza é saber dessa injustiça, que Edineia não fez nada no dia 8 de janeiro. Ela foi para dentro do prédio para se proteger dos ataques de bombas e tiros com bala de borracha”, relata, em desespero.
VOLTA PARA CASA SETE MESES E NOVA PRISÃO
Edineia foi liberada da prisão em Brasília em agosto do ano passado, com tornozeleira eletrônica e restrições para que respondesse o processo em casa. Nesse ano, ela foi julgada, condenada e recolhida pela Polícia Federal por determinação do ministro Alexandre de Moraes para o cumprimento da pena de 17 anos na Penitenciária Feminina de Mogi Guaçu, onde recebe visita apenas do marido a cada 15 dias.
“Nós não temos dinheiro para sair do Paraná e ir até a penitenciária, e o José (marido da presa) pediu as contas para cuidar da Maria Eduarda, que só tem 10 anos. Quem sustenta a casa deles é o meu sobrinho de 20 anos, o Vitor Manoel, com seu trabalho num posto de gasolina”, conta.
Simone realmente desenha um quadro de muitas dificuldades vivida pela família. Como as fontes de renda são poucas, ela e a mãe juntam entre R$ 250,00 a 300,00 a cada 15 dias para mandar para Edineia se manter dentro do presídio, além de R$ 1.000,00 por mês para custear a escola da pequena Maria Eduarda.
“A minha irmã está fazendo um curso no presídio e tem a expectativa de começar a trabalhar em breve e receber R$ 900,00 para se sustentar lá dentro”, informa a Simone, sem entender muito bem a necessidade de recursos de Edineia dentro do presídio.
SEM DIREITO AO AUXÍLIO – O advogado de Edineia, Dr. Júnior, informa que Edineia não tem direito ao auxílio reclusão para a sua família, por não ser segurada do INSS. De acordo com ele, ela sempre trabalhou como faxineira autônoma, ou seja, não tem qualquer vínculo empregatício comprovado com carteira assinada.
Essa é a Brasuela! Prende todos seus opositores políticos, mesmo que seja uma mãe inocente, que não cometeu crime algum. Graças a Deus sua irmã abriu os olhos. Infelizmente muitos terão que passar por muitos sofrimentos para que lhe sejam tiradas as vendas.