Ana Maria Cemin – 10/01/2025
O procurador-geral da República Paulo Gonet solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que condene o jovem Vanderson Alves Nunes, 28 anos, pela presença de dois dias no QG de Brasília. O rapaz chegou no dia 07.01.2023 para as manifestações, vindo de Cuiabá, MT, Gonet admite que Vanderson não participou dos atos violentos do 8 de janeiro, no entanto só o fato de estar presente no QG e nas manifestações em Cuiabá caracterizam “crime de associação criminosa”. No pedido da PGR também cita que as mensagens do mato-grossense nas redes sociais tinham teor “antidemocrático”.
Vandinho Patriota, como é conhecido, foi candidato a vereador por Cuiabá, fez 1.060 votos e não foi eleito. Ele está há dois anos com tornozeleira eletrônica e, ao sair do presídio Papuda, em Brasília, entrou em processo de depressão profunda, e chegou a comprar veneno (Furadan) para dar cabo de sua vida.
“Por sorte consegui superar com ajuda de psicólogo, mas precisei tomar cinco diferentes remédios para controlar a ansiedade desencadeada com a prisão do 8 de janeiro”, relata o preso político. Ele poderia ter feito o Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), mas se negou por entender que ao fazer esse acordo ele estaria admitindo crimes que ele não cometeu.
A história do Vandinho é muito semelhante à dos demais presos políticos que foram sequestrados na manhã do dia 9 de janeiro de 2023, levados de ônibus para o Ginásio da Polícia Federal e, de lá, depois de passar por um mutirão de delegados de polícia, foram conduzidos para os presídios feminino e masculino.
A posição da PGR indica que ele será julgado pelo STF e poderá ser condenado a cumprir 225 horas de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; será obrigado a participar de curso sobre Democracia, Estado de Direito e Golpe de Estado, com 12 horas; terá a proibição de ausentar-se da Comarca em que reside até a extinção da pena; estará proibido de utilizar redes sociais até a extinção da pena; deverá pagar multa em torno de R$ 14 mil; além do pagamento de R$ 5 milhões compartilhados entre todos os condenados do 4921.
“Eu não acho certo o que está acontecendo comigo. Sou totalmente contra quebra-quebra e fiquei no QG de Cuiabá durante todo o tempo porque eu gosto de animar e falar ao microfone. Sou um patriota e não fiz nada de errado, no entanto estou proibido de ir e vir. Estou desempregado, cuido do meu filho Kaleb, 7 meses, enquanto a minha esposa Jucilaine, 37 anos, vai para o trabalho. Além de Kaleb também tenho o meu enteado Kaic, 9 anos, para cuidar. Preciso ter a minha vida de volta”, desabafa Vandinho, cansado de ver seu nome ser publicado em matérias sugerindo que é um golpista. “Não imaginava que participar de uma manifestação pacífica e ordeira poderia me levar à prisão. Quem fez quebra-quebra que pague pelo que fez. Não é o meu caso”, conclui.
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