
Ana Maria Cemin – 16/02/2025
Djalma Salvino dos Reis, 47 anos, foi duas vezes candidato a vereador em Itaporã, MS, cidade onde nasceu, mora e foi duas vezes diretor da Prefeitura. Ele teve uma empresa de locação de veículos e, mesmo sendo alguém tão ativo e exposto, nunca tinha respondido a um processo civil ou penal. Era réu primário no dia 8 de janeiro, quando foi preso.
Hoje é um homem procurado pela Polícia Federal, com pedido de extradição na Argentina.
“Como resultado de ter ficado sete meses preso no Complexo Prisional Papuda, em Brasília, o meu emocional ficou totalmente comprometido. Saí do presídio tão transtornado que, em 19/12/2023, o médico que consultei em Dourados, MS, solicitou a minha hospitalização para tratar da ideação suicida”, conta o preso político.


Ele é motorista profissional e tem orgulho de destacar que nunca teve qualquer problema com a justiça. Foi se manifestar em Brasília contra o terceiro mandato do governo Lula e, por mais absurdo que pareça, se tornou um criminoso perigosíssimo na visão do Estado Brasileiro.
Para fugir de uma nova prisão, por ter sido condenado a 14 anos pelo Supremo Tribunal Federal, mesmo sem provas que indiquem qualquer envolvimento dele com qualquer organização criminosa ou mesmo depredações dos prédios públicos, Djalma foi embora do Brasil.
O Gabinete do Ministro Alexandre de Moraes expediu mandado de prisão do patriota em 14.05.2024, mesmo mês em que ele chegou na Argentina e regularizou a sua situação.


SEM CONDIÇÕES DE RECONSTRUIR A VIDA
“Reiniciei a minha vida fora do Brasil em La Plata. Tudo que tinha em meu nome no Brasil o STF bloqueou. Consegui comprar uma bicicleta logo que cheguei aqui e catava produtos para reciclagem. Meu objetivo era conseguir algum valor para viver aqui fora. Porém, tive que largar tudo porque no dia 17.10.2024 o ministro Moraes fez um pedido de extradição de mais de 60 manifestantes de 8 de janeiro e eu estava na lista”, relata.
A partir do pedido de extradição, foram presas cinco pessoas que estavam listadas que permanecem até hoje no cárcere. Todos os demais, como eu, passaram a viver com medo. Ele evita sair de casa para não ser abordado pelo policiamento de rua e passou a viver da ajuda de amigos e pessoas que se identificam com a causa, por não ter como trabalhar.
O temor de ser recolhido ao cárcere na Argentina é grande.

Djalma, que necessita de atendimento médico especializado, não pode continuar o tratamento psiquiátrico na Argentina, porque ir em hospital ou até mesmo em um dentista é um risco a sua liberdade.
PONTO DE VISTA DE DJALMA
“Mesmo que as urnas eletrônicas não auditáveis não conseguissem o algoritmo necessário para a vitória do Lula e Bolsonaro tivesse assumido em 2023, eu ainda assim não me conformaria.
É impossível esquecer e aceitar como normal o que vivemos durante o pleito eleitoral de 2022. Foram tantas injustiças, em que um dos lados podia tudo e o outro era proibido de tudo. Chamar Bolsonaro de genocida era permitido e a esquerda deitava e rolava divulgando mentiras e maldades. Quando nós, da direita, postávamos algo era derrubado das redes sociais.
Por isso, eu entendo que o 8 de janeiro foi necessário, mesmo sendo uma armadilha e que pessoas como eu estejam pagando um alto preço. Se não tivesse acontecido, o Lula já teria comprado a maioria dos senadores e deputados e estaria afundando o Brasil em dívidas e pautas ideológicas. Os poucos representantes sérios da direita não teriam força e voz para continuar lutando contra as coisas erradas em nossa política”, conclui.
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