Wesdra é agredido no presídio e STF concede alvará de soltura
Ana Maria Cemin – 23/12/2025
O dia 23 de dezembro trouxe ao mesmo tempo esperança e sofrimento para a família Mazzega. Enquanto o Supremo Tribunal Federal autorizou a progressão de regime e concedeu alvará de soltura a Wesdra Santarém Mazzega, permitindo que ele deixe o presídio baiano para cumprir pena em regime aberto, a notícia que chegou paralelamente foi devastadora: Wesdra foi espancado dentro da unidade prisional, em circunstâncias ainda nebulosas.
A informação sobre a agressão, confirmada por familiares, adiciona um novo capítulo à longa trajetória de violações, instabilidade e sofrimento vivida pelo caminhoneiro catarinense desde sua prisão relacionada aos eventos de 8 de janeiro de 2023.
A decisão do ministro Alexandre de Moraes, publicada nesta terça-feira, reconheceu que Wesdra cumpriu todos os requisitos objetivo e subjetivo previstos na Lei de Execução Penal para a progressão ao regime aberto.
Condenado a 2 anos e 5 meses — sendo 2 anos por associação criminosa (art. 288 do Código Penal) e 5 meses por incitação à animosidade das Forças Armadas contra os Poderes Constitucionais (art. 286, parágrafo único) — Wesdra também responde solidariamente por R$ 5 milhões em danos morais coletivos.
O acórdão condenatório transitou em julgado em 15 de outubro de 2025, quando teve início o cumprimento da pena em regime semiaberto. Desde então, a defesa vinha insistindo na progressão, apresentando atestados de pena e de conduta carcerária.
A Procuradoria-Geral da República inicialmente apontou ausência de comprovação de bom comportamento, mas mudou de posição após a juntada da certidão da SEAP-BA, reconhecendo que o apenado já havia ultrapassado a fração mínima exigida — 140 dias, tendo acumulado 154 dias de prisão preventiva entre 2023 e 2025.
Com a progressão, Moraes impôs condições típicas do regime aberto:
- comprovação de atividade lícita
- proibição de deixar a comarca sem autorização
- comparecimento semanal ao juízo
- suspensão de documentos de porte de arma
- proibição de uso de redes sociais até o fim da pena
A Vara de Execuções Penais de Joinville/SC deverá acompanhar o caso e enviar novo atestado de pena em até 48 horas.
O que aconteceu em outubro: a prisão, a tornozeleira e a ida para a Bahia
Em 20 de outubro, noticiamos que Wesdra havia sido preso durante uma viagem de trabalho ao Nordeste. Em junho, sua tornozeleira eletrônica perdeu comunicação, e ele foi considerado em “local incerto e não sabido”. Moraes decretou a prisão preventiva, cumprida em setembro.
A defesa argumentou que ele reunia condições para o regime aberto, mas a PGR se manifestou contra. Em 15 de outubro, a decisão de cumprimento da pena em semiaberto foi enviada à Bahia, onde ele passou a cumprir pena no sistema prisional estadual.
A agressão no presídio baiano
A família confirmou que Wesdra foi espancado dentro da penitenciária, mas ainda não há detalhes sobre a autoria, motivação, extensão dos ferimentos e atendimento recebido A violência reacende denúncias recorrentes sobre vulnerabilidade, intimidação e riscos enfrentados por presos do 8 de janeiro em unidades prisionais estaduais.
Uma família devastada desde 2023
A história de Wesdra e sua esposa, Julaia Mazzega, é um retrato das consequências humanas que se abateram sobre milhares de famílias após o 8 de janeiro. Ambos caminhoneiros, amazonenses de origem e moradores de Joinville, foram presos em 2023: Wesdra passou 80 dias no Presídio da Papuda e Julaia ficou 55 dias no Presídio Colmeia, optando depois por um Acordo de Não Persecução Penal. A decisão do STF de hojre permite que Wesdra deixe o presídio e volte para casa, onde poderá reencontrar a família e tentar reconstruir a vida.
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