
ELE SOFREU UM CHOQUE E A POLÍCIA CONSTATOU A PARADA DO CORAÇÃO
Ana Maria Cemin – 15/05/2025
Gelson Antunes da Silva, 37 anos, sofreu um acidente na Argentina durante o trabalho em 9 de maio, há uma semana. Desde que pediu asilo no país vizinho, por ser um preso político condenado a 14 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Silva trabalha como jardineiro para sustentar a família. Apesar do susto, ele sobreviveu!
Recentemente, o catarinense pegou um serviço extra na construção civil, já que a chegada do frio reduz o trabalho em jardinagem e as contas continuam. Ele relata para gente o que viveu. Confira:
“A Argentina é um país sem um padrão no ambiente de obra, bem diferente do que acontece no Brasil. Me chamaram para levar material para uma obra de quatro lajes, basicamente malhas de ferro e ferragens. Sofri o acidente porque toquei numa viga não concretada, que estava só com as armações metálicas e encostada nos fios de alta tensão. Nesse momento eu estava numa escada, encostei na viga e sofri um forte choque. Fiquei cerca de 20 a 30 segundos levando a descarga elétrica direto da rede e, literalmente, apaguei depois disso. Antes de cair da escada, dei um grito e as pessoas que estavam na obra ficaram sem reação. Segundo relatos, quando os policiais vieram e perceberam que eu estava sem batimentos cardíacos fui dado como morto. Conversando após com os funcionários da obra, soube que eles estavam cientes de que eu tinha falecido em decorrência do choque e foram surpreendidos quando eu abri os olhos. E ao me perguntarem se eu estava bem, as minhas primeiras palavras foram de agradecimento a Jesus por permitir acordar e voltar para a minha família. Lembro apenas que, quando tudo aconteceu, elevei o meu pensamento a Deus e pedi pelos meus dois filhos pequenos. Pedi misericórdia ao sentir o choque entrando em meu peito. Depois disso, a minha consciência apagou e fui para o chão”, relata o preso político.


PAPUDA E NOVOS AMIGOS
Gelson é mais conhecido como Dentinho Patriota, apelido carinhoso dado pelos demais patriotas dentro do Presídio Papuda. Ficou preso sete meses por se abrigar das bombas de efeito moral dentro do Plenário do Senado no dia da manifestação. E junto com outras tantas pessoas, como o falecido Clériston Pereira da Cunha, foi do Senado para o complexo penal de Brasília.
“Não tem vídeos meus quebrando, apenas de joelhos dobrados orando. Sempre trabalhei honestamente e não participo de baderna. O Plenário do Senado, onde nos refugiamos naquele dia, estava intacto e estávamos junto a policiais que acreditávamos estar ali com o propósito de nos proteger daquela situação. Sou de Chapecó, SC, e venho de uma família humilde. Hoje moro aqui na Argentina numa casa que estava abandonada e trouxe a minha família para cá. O banho é de torneira e aqui ainda se usa aquelas antigas patentes de interior, mas estamos unidos superando todos estes obstáculos. Tenho dois filhos: de 1 ano e nove meses e outro de 7 anos. O menor teve complicação no parto e precisa fazer exames a cada 15 dias no Brasil, por isso gasto muito e agora, sem trabalhar, estou realmente precisando de ajuda”, relata Silva, que vive longe da pátria na distante Argentina, onde tudo fica mais difícil para quem é de uma classe menos favorecida.

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