Ana Maria Cemin – Jornalista – 20/06/2024
Na manhã desta quinta-feira, 20 de junho, mais 27 alvos foram abordados pela Polícia Federal nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Os veículos de comunicação de massa estão noticiando, e é preciso refletir sobre isso.
Desde 8 de janeiro de 2023, o Supremo Tribunal Federal determinou a instauração de quatro Inquéritos: Inq. 4920, relativo aos “financiadores” dos atos antidemocráticos, que prestaram contribuição material/financeira para o “golpe”; Inq. 4921, relativo aos instigadores da prática dos atos; Inq. 4922, relativo aos autores intelectuais e executores que ingressaram nos prédios e “fizeram atos de vandalismo e destruição do patrimônio público”; e Inq. 4923, relativo às autoridades do Estado responsáveis por “omissão imprópria”.
O que isso significa: a repressão a quem pensa diferente ao atual governo. Se você for uma dessas pessoas, então deve “temer” por sua vida e seu patrimônio. Esse é o recado.
A linguagem utilizada pelos meus colegas jornalistas, ao se referirem a essas pessoas nos veículos de comunicação comprovam que estão de acordo com esse modo de pensar antidemocrático, que coloca todos os manifestantes no mesmo balaio, sem considerar o direito às manifestações públicas contrárias ao governo.
Em 8 de janeiro de 2023, alguém depredou os prédios da República, porém até hoje não ficou claro quais pessoas fizeram, motivadas por qual razão e a mando de quem.
De tudo que vivi até aqui, me parece que 99% das pessoas investigadas são inocentes e estão pagando um preço muito alto pela falta de transparência do que ocorreu na Praça dos Três Poderes. Nada funcionou até agora: CPI do Distrito Federal, CPMI do Congresso Nacional, ações de denúncia fora do Brasil sobre o abuso de poder do Estado contra cidadãos comuns. E o povo continua dividido também a respeito do que ocorreu naquele dia.
O caminho é a Anistia. Não há outra bandeira a não ser essa, porque o Brasil está visivelmente sangrando, em todos os sentidos. E faz tempo.
Jamais poderíamos imaginar que iríamos viver novamente momentos sombrios de ditadura em nosso país. Achei que isso era uma página virada da história.