Ana Maria Cemin – Jornalista
24/11/2023 – (54) 99133 7567
Um dos dois indigentes, um do Pará e outro do Ceará, que foram presos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 8 de janeiro de 2023, na Praça dos Três Poderes, foi liberado da penitenciária de Brasília. Trata-se de Geraldo Felipi da Silva, de Fortaleza, Ceará. Geraldo não era manifestante e nos últimos tempos estava no Centro POP de Brasília, especializado em população em situação de rua.
No dia 8 de janeiro, quando Geraldo viu a movimentação na Praça dos Três Poderes ficou muito curioso. Foi ao local, foi preso no gramado e enquadrado no Inquérito 4922. Naquele momento, ele estava descalço, sem celular, e não há qualquer indício de que depredou. O laudo da Polícia Federal comprova que nenhuma imagem dele foi identificada nas gravações que justificasse a prisão que durou dez meses.
“O juiz quer que Geraldo vá para Arco Verde, Pernambuco, mas isso não faz o menor sentido porque ele é morador de rua em Brasília. A Procuradoria Geral da República pediu a absolvição de Geraldo e a soltura imediata. Porém o ministro Alexandre de Moraes tomou essa decisão”, comenta a Dra. Tanieli Telles de Camargo Padoan, que atende o morador de rua. Segundo a advogada, a mãe do Geraldo é cantora, mora no Nordeste e contou que o filho estava desaparecido e todos achavam que estava morto. Foi uma surpresa para ela saber da prisão e de Geraldo estar entre manifestantes conservadores.
Na certidão expedida pelo ministro Moraes consta: “Certifico o envio da decisão de 24/11/2023, com força de ofício e alvará de soltura, via malote digital ao Juízo da Vara de Execuções da comarca de Arco Verde-PE e por e-mail registrado ao MRE e DGPF URGENTE.
OUTRO MENDIGO SEGUE PRESO
Dra. Tanieli também atende outro morador de rua, Antônio Geovane Sousa de Sousa, do Pará, porém ele foi condenado pela Procuradoria Geral da República, mesmo com a Polícia Federal juntando laudo de que não tem nada contra ele. “Eu fiz as alegações finais da defesa de Antônio Geovane hoje e vamos ter que aguardar”, comenta a advogada. Ele é andarilho e ficou no QG de Brasília, junto com os patriotas, e entrou no ritmo. Foi muito bem tratado, tinha o que comer e acredito que por isso ele foi ficando. A prisão dele ocorreu no estacionamento do Ministério da Justiça no dia 8 de janeiro. Ele estava com a mochila cheia de lixo que ele juntou naquele dia para vender depois. Não há nada que comprove envolvimento dele em qualquer situação de depredação.