
Ana Maria Cemin – 27/06/2025
O preso político Claudinei Pego da Silva, de 45 anos, tentou novamente tirar a própria vida nesta quarta-feira, 25 de junho. Só está vivo porque a corda improvisada que ele usou rompeu antes do fim. Hoje, ele está na enfermaria — física e emocionalmente fragilizado. Segundo sua esposa, Priscila Kellen Oliveira, 34 anos, a situação está insustentável.
A defesa de Claudinei luta pela prisão domiciliar, pedindo que ele possa, ao menos, ser tratado com dignidade. No entanto, desde o dia 23 de maio, aguarda-se o posicionamento do STF que solicitou um parecer de uma junta médica, determinado pelo ministro Alexandre de Moraes. Claudinei permanece enclausurado, silenciosamente desmoronando.
🧱 Dor que vem de dentro e de fora
Priscila soube, por meio de outra esposa de um preso político que esteve em visita ontem, 26 de junho, que Claudinei também estaria sendo agredido e humilhado dentro da prisão.
“Jogaram spray de pimenta nos olhos dele, deram um tapa na nuca… disse que ele está muito mais magro e que fala em morrer com frequência. Ele está numa cela escura, dividida com outro preso”, contou, angustiada.
“Tenho medo de que algum policial faça algo contra ele…”.
⚠️ Uma história marcada por tentativas de suicídio
Não foi a primeira vez. Em dezembro de 2023, Claudinei tentou se enforcar com uma camisa na Penitenciária da Papuda. Também naquela ocasião, a morte foi evitada por pouco — agentes conseguiram intervir a tempo.
Desde janeiro de 2023, Claudinei está atrás das grades. A pedido da família, foi transferido para a Penitenciária Nelson Hungria (MG), para que a esposa e os filhos pudessem, ao menos, visitá-lo. Mas mesmo com a proximidade, a ausência pesa mais a cada dia.
👨👩👧👦 A família fragmentada pela prisão
Casado, pai de quatro filhos — três deles menores de idade. O caçula, Gabriel, de apenas 6 anos, não vê mais o pai.
“Ele voltou a fazer xixi na cama. Tem dias que chora e grita sem parar. Sente uma falta imensa do pai”, relata Priscila, referindo-se a Gabriel, único filho do casal.
Sem o provedor da casa, a família sobrevive de doações. Priscila, desempregada, vive hoje com o filho na casa da mãe em Belo Horizonte. A oficina de Claudinei, onde trabalhava para sustentar a família com serviço honesto, fechou as portas. E mesmo preso, ele precisaria continuar arcando com pensão e sustento dos filhos. De onde virá esse dinheiro?
⚖️ Um erro que não custava tudo isso
A defesa afirma que Claudinei foi à Praça dos Três Poderes para acompanhar um amigo. Quando soube do caos, temeu pelo pior. Foi procurá-lo na tentativa de levá-lo embora — e acabou no lugar errado, na hora errada. Ele foi encontrado num prédio onde buscou abrigo.
Hoje, condenado a 16 anos e meio, já com sentença transitada em julgado desde fevereiro de 2024, Claudinei cumpre pena entre presos comuns — sem tratamento psicológico, sem acompanhamento clínico, sem perspectiva.
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