Ana Maria Cemin – Jornalista – 30/03/2024
Dona Maria Aparecida Soares Moreira, 65 anos, não entende a razão da demora do seu filho em voltar para casa e pede para que os seus demais filhos procurarem ajuda junto aos deputados e senador Magno Malta, que representam o Estado do Espírito Santo.
A família, no entanto, não sabe como fazer. “Façam alguma coisa pelo meu menino! ”, diz ela. O preso político Marcos Soares Moreira, 40 anos, morador de Serra, ES, ficou no cárcere em Brasília por quatro meses, saiu com tornozeleira e medidas cautelares, mas há quatro meses foi novamente recolhido pela Polícia Federal e permanece na Penitenciária de Segurança Média de Viana, ES. Em Brasília, ele estava no cárcere entre pessoas comuns (os presos políticos), mas no Espírito Santo, está em celas com criminosos.
Além de Marcos, Dona Maria tem mais três filhos e duas filhas, mas é o Marcos que mora com ela e cumpre o papel de suporte da casa. Além dos dois ainda mora o irmão de 42 anos que tem deficiência e depende de ajuda para tudo: não fala, não tem iniciativa para comer ou beber, usa fralda e toma banho somente com ajuda.
A mãe é cardíaca e precisa diariamente da ajuda do filho. Desde que ele foi para Brasília para participar de uma manifestação pacífica e ordeira, a exemplo do que acontecia nas cidades do Espírito Santo, a vida dos três virou do avesso.
“Meu irmão ficou 4 meses preso em Brasília, sendo que o seu ônibus de excursão chegou na capital federal às 17 horas da tarde do dia 8 de janeiro, muito depois das depredações dos prédios. Não foi para a Praça dos Três Poderes e, mesmo assim, acabou no Presídio Papuda. De lá, Marcos voltou com muitas dores abdominais, ansioso e por muitas vezes ficava dentro do quarto escuro, debaixo das cobertas, numa tentativa de descansar já que não conseguia dormir à noite e precisava fugir dos problemas emocionais decorrentes das injustiças cometidas contra ele”, desabafa a irmã Maria de Fátima Moreira, 33 anos.
Apesar de perceber o estado emocional abalado, a família não se deu conta da urgência em buscar ajuda psiquiátrica. Portanto, Marcos não iniciou tratamento para a sua depressão quando voltou de Brasília e seguia diariamente com o seu estado emocional abalado.
O preso político foi novamente recolhido à prisão dois dias depois de fazer um vídeo que viralizou nas redes socias. Ou seja, o que levou Marcos a voltar ao presídio foi o descumprimento da cautelar que impedia o uso de mídias sociais.
“Isso foi há quatro meses e deixou a nossa mãe desesperada. As pessoas que levaram Marcos estavam vestidas à paisana e nós ficamos procurando por ele delegacia por delegacia. Nem ao menos sabíamos se de fato eram policiais ou se ele tinha sido sequestrado”, informa.
A CADA 15 DIAS, MARCOS RECEBE VISITA
“Há 15 dias fomos para a visita e não foi possível ver o Marcos, porque teve uma ocorrência na cela. Isso nos preocupa, porque ele está entre presos comuns, que de fato são criminosos, e a gente não sabe o que pode acontecer com ele”, conta, destacando que o ambiente é muito hostil.
“Marcos já teve problemas sérios com brigas no presídio. Tememos pela vida dele”, revela.
A nossa expectativa de solução de toda a crise gerada em 8 de janeiro de 2023 está no Projeto de Lei de Anistia aos presos políticos que está na Câmara Federal, de autoria do Deputado Ramagem.
O PL 5793/2023 é a esperança para ter o nosso irmão de volta, diz Maria de Fátima, e continua: Precisamos de mais carinho e atenção daqueles que são os nossos representantes.
Os nossos parlamentares precisam se posicionar e fazer valer o nosso direito de liberdade.
Desde que votou ao presídio, Marcos passou a tomar medicação para depressão, com uso de fluoxetina e clonazepam. Maria de Fátima diz que seu irmão não está bem emocionalmente e, recentemente, estava com vários furúnculos pelo corpo. “Ele é soropositivo e usa medicamentos contínuos e precisa fazer exames periódicos para controle da imunidade”, fala, muito preocupada.
Meu Deus ! Anistia Já…..