Tenho visto muita coisa acontecer nesse último ano e até isso acontece com os presos políticos de 8 de janeiro: levar choque. Esse relato que segue é de uma patriota que está em prisão domiciliar, fazendo uso de tornozeleira eletrônica.
“No dia 4 de novembro de 2023, levei um choque quando tentava carregar a tornozeleira na casa dos meus pais. Quem me socorreu e desligou da tomada foi o meu pai. No dia 9 de novembro, levei outro choque em casa e, ao sentir o que estava acontecendo puxei rapidamente a perna em reflexo e a tornozeleira soltou da tomada. Diante dessa situação de não conseguir carregar a tornozeleira, fiz o relato ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (CIME), ainda na primeira ocorrência, porém não me deram retorno. Na segunda vez, pediram que eu comparecesse no local.
Como o segundo choque me machucou, eu fui até o hospital, até porque tive reações como dor de cabeça, vontade de vomitar e a região da minha perna onde está a tornozeleira eletrônica ficou trêmula. Não consegui atendimento porque eu estava elencada no “atendimento amarelo” e naquele dia só estavam atendendo que estava na “cor vermelha”.
Voltei no dia seguinte ao hospital, 10 de novembro, e em seguida fui ao CIME conforme combinamos. A agente que me atendeu disse que o problema estava na instalação da minha casa, mas expliquei que foram duas ocorrências, em duas residências diferentes. Então, ela rebateu afirmando que foram realizadas diversas análises na tornozeleira e que eu não morreria de “choque”, além de questionar a razão de eu ter ido até o hospital, já que foi “só um choque”.
E continuou a falar, afirmando que não tinha sido mais do que uma crise de ansiedade. Por fim, trocou a minha tornozeleira e o carregador, mas ainda com muita soberba me disse:
-Eu poderia nem trocar porque está tudo certo aqui no sistema.
É assim somos tratados após soltura do presídio.”