
Ana Maria Cemin – 30/08/2025
A trajetória da ré do 8 de janeiro, Cristiane da Silva, 33 anos, é angustiante. A irmã, Solange da Silva Augustinho, 50 anos, conta que há um mês a família não tem notícias da presa política. No final de julho, conseguiram falar por apenas cinco minutos por telefone e, desde então, nunca mais souberam dela.
A catarinense ficou muito assustada após participar da manifestação em Brasília, em 8 de janeiro, quando foi presa e levada para um presídio com centenas de patriotas. Depois de alguns meses em casa, usando tornozeleira eletrônica, decidiu fugir por terra, passando por diversos países até chegar aos Estados Unidos. Seu temor era enfrentar novamente o cárcere que conheceu na capital federal.
Ao procurar a imigração americana no início deste ano, recebeu como resposta a detenção, ainda em 21 de janeiro de 2025, onde permaneceu até ser deportada pelos Estados Unidos em 24 de maio de 2025. Ao todo, ficou 124 dias sob custódia americana. Ao chegar ao Brasil, foi presa e permanece assim até hoje, 30 de agosto de 2025, somando mais 98 dias de prisão em regime fechado. No total: 222 dias presa entre EUA e Brasil.
Quando me refiro à angústia sobre o caso de Cristiane, é porque os crimes atribuídos a ela pelo Ministério Público — associação criminosa e incitação ao crime — resultaram em uma condenação pelo STF com medidas restritivas de direitos. Entre elas estavam: prestação de serviços comunitários, participação em curso sobre democracia e proibição de frequentar redes sociais para incitação política.
Quem estava na mesma situação de Cristiane, mesmo tendo rompido a tornozeleira, dependendo do advogado e de sua atuação, conseguiu um acordo de não persecução penal — casos já relatados no site www.bureaucom.com.br. Essa poderia ter sido uma opção para Cristiane, evitando uma prisão que já dura 222 dias e sem perspectivas de saída do regime fechado.
Cristiane da Silva, natural de Balneário Camboriú (SC), tornou-se um dos nomes mais comentados entre os brasileiros deportados dos Estados Unidos em 2025. A fuga de Cristiane começou em junho de 2024, quando deixou o Brasil rumo à Argentina. De lá, passou por vários países — entre eles Peru, Colômbia, Panamá e México — até ser detida em El Paso, Texas, após Donald Trump endurecer a repressão contra imigrantes ilegais. No Brasil, sua prisão pela Polícia Federal ocorreu no Aeroporto Internacional de Fortaleza, em 24 de maio de 2025. Até hoje, está em presídio, com presas comuns, na capital cearense.
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