Carne falsa: batida policial comprova relatos de presos políticos

Ana Maria Cemin – jornalista

Por diversas ocasiões, os presos políticos de 8 de janeiro denunciaram problemas com a alimentação nos presídios Papuda e Colmeia, pedindo socorro aos políticos que os visitavam. Não adiantou falar que o cheiro era ruim, que encontraram desde pelos e dentes de porcos, bichos, larvas e cacos de vidro. Ontem, porém, dia 28 de setembro, uma ação da Polícia Civil do DF, realizada em Ceilândia, comprovou que o fornecedor do sistema prisional vendia farelo de soja como se fosse carne moída.

A informação está circulando em vários veículos de imprensa, como o Correio Brasiliense, distribuída pela Agência Brasília. Talvez esse seja o começo de uma série de denúncias que possam a levar à mudança na forma de tratar do tema alimentação em locais em que pessoas sejam privadas de sua liberdade.

“A União deve notificar a empresa e se não houver justificativa plausível o Governo deve ser responsabilizado. Tudo que for alimento tem que ser fiscalizado. O Estado é responsável pelos danos causados não só aos presos políticos, mas a todos apenados do sistema prisional que ingeriram essa alimentação”, explica a advogada Ana Caroline Sibut Stern.

A Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF) acionou a Polícia Civil após receber denúncia de que o estabelecimento de Ceilândia comercializava a mistura de farelo de soja e milho como se fosse carne moída bovina. Essa “carne falsa” era entregue para a preparação de refeições no Sistema Penitenciário, entre outros estabelecimentos.

A comprovação da fraude foi feira em laboratório do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com a análise do DNA dos produtos. Além da carne ser falsa, o estabelecimento não apresentava condições de higiene, além de uma alta quantidade de amido estocada, também presente nos alimentos.

Conforme matérias divulgadas, o local foi interditado até que o proprietário se adeque às condições higiênico-sanitárias. O responsável foi multado e poderá responder por outras sanções previstas em lei, como a suspensão e a cassação de registro, além de responder na esfera penal. A PCDF instaurou um novo inquérito para apurar o novo crime, uma vez que ele é reincidente.

Você pode ler mais sobre a precariedade da alimentação em presídio em: https://bureaucom.com.br/morte-por-inanicao-e-problemas-sanitarios-rondam-presos-em-brasilia/

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *