Ana Maria Cemin – Jornalista – 16/07/2024
“Eu sou motorista de aplicativo e desde final de fevereiro estou proibido de sair de Gravataí. Como consequência, tive uma queda de 50% no meu faturamento. Também não posso sair de casa aos finais de semana e à noite. Quando conto para as pessoas o que estou vivendo, elas ficam apavoradas e dizem que isso só acontece em novelas, seriados e filmes de Hollywood, ou com quem esteve em Brasília no início de janeiro de 2023. O que não é o meu caso. Eu penso que o meu crime são 1922 posts no Instagram” – Guilherme Silva.
Guilherme é morador de Gravataí, RS, e recebeu “a visita” da Polícia Federal às 6 horas e 7 minutos do dia 29 de fevereiro deste ano, por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Os agentes federais cumpriram o mandando de busca e apreensão de dispositivos eletrônicos, dentre eles celular, e após foi conduzido para a central de monitoramento para colocar tornozeleira eletrônica.
Até hoje ele não sabe qual a acusação o fez se tornar um preso político, porque ele não esteve em Brasília e, pelo interrogatório na polícia, percebeu que a intenção era saber se ele tinha ido para a Avenida Paulista nos dias 15.11.2023 e 25.02.2024.
“Não fui para a Paulista porque não tinha recursos, mas se tivesse ido ainda assim não poderia ser problema, uma vez que a lei me permite manifestação pública”, diz o pré-candidato a vereador pelo PL em Gravataí. Guilherme está impedido de curtir, comentar e publicar qualquer coisa na rede social, e nem pode sair do perímetro da sua cidade.
Como ninguém explicou a razão que o fez se tornar um tornozelado desde final de fevereiro, o que Guilherme pode fazer é supor e, nesse ensaio de imaginação, ele pensa que as suas publicações do Instagram podem ter incomodado alguém.
“Eu tenho a minha opinião e digo o que penso: o Congresso Nacional é a casa do povo e não é lugar para congressista covarde, o Palácio do Planalto é lugar para presidente e não para ladrão e o STF é lugar para ministro não para ativista político”, diz ele
“Eu sou enfático com as palavras e talvez não tenham gostado quando publiquei um vídeo afirmando que as manifestações são asseguradas pela própria Constituição, que nenhum tipo de força policial poderia conter o povo se 10.000.000 brasileiros fossem marchando até Brasília para exigir os seus direitos, inclusive cobrando a revogação da própria eleição, que foi uma fraude”, desfia.
“O próprio presidente Bolsonaro sofreu cerceamento da sua liberdade, como a proibição de fazer lives dentro da residência oficial. O Benedito Gonçalves levou tapinha no rosto do Lula, que é uma coisa bem íntima, como se dissesse você cumpriu com o seu papel. Em vídeo, o Paulo Pimenta falou que Lula recebeu só 39% dos votos válidos, mas o TSE declarou 51%. Tem mentira para tudo quanto é lado e se a gente prestar atenção a gente pega”, diz ainda.
“Eu não sei do que posso ser acusado, talvez me acusem de chamar o Alexandre de Moraes de quadrilheiro, por exemplo, ou de dizer que Lula é corrupto e ladrão. Todo mundo sabe e são os próprios acusadores que hoje parecem ser os seus melhores amigos. Quando Dilma sofreu o impeachment, um líder do MST disse, dentro do Alvorada, que se ela fosse deposta o movimento pegaria em armas e derramaria sangue; e o engraçado é que ninguém foi preso, nem quando eles quebraram a Praça dos Três Poderes e colocaram policiais no hospital. Ninguém foi preso porque era gente do PT e do Psol a fazer a arruaça. Então pau que bate em Chico não é pau que bate em Francisco”, continua.
“Há muitas ilegalidades e quando a gente começa a falar o sistema começa a nos oprimir. Até mesmo para os oficiais de justiça eu sou um preso muito peculiar, que não pode sair da cidade por medidas cautelares. Na minha comarca três pessoas são monitoradas e se apresentam uma vez por mês e eu, que não sei o crime que cometi, sou obrigado a ir toda semana. E eles, os criminosos julgados e condenados, podem sair de Gravataí, sem problema algum. Ninguém disse para Alexandre de Moraes que ele não pode fazer isso com a população brasileira? O Senado Federal tem essa obrigação, mas é composto por uma metade que é covarde e por outra metade corrupta”, diz.
“Eu faço parte do PL desde 2020 e estou pré-candidato porque eles não cassaram os meus direitos políticos. Eu não sei qual é a cabeça “daquele homem” lá em Brasília e ele faz o que bem quer. Para os policiais daqui eu não cometi crime algum para ser obrigado a ter cautelares e usar tornozeleira, mas eles cumprem o que é decidido e não contestam”, conclui.
As certidões negativas comprovam que Guilherme não tem nenhum registro de qualquer crime, no entanto usa tornozeleira de bandido. Confira os documentos:
Minha solidariedade à todas as vitimas das infinitas fases da operação lesa pátria, que estão presos, muitos sem se quer receber denúncia!