
Ana Maria Cemin – 15/10/2025
Após meses de sofrimento, o Supremo Tribunal Federal concedeu alvará de soltura a Alexsandra Aparecida da Silva, 43 anos, nesta quarta-feira, dia 15 de outubro. Com isso, ela voltará a cumprir as medidas cautelares enquanto aguarda o julgamento por incitação e associação criminosa simples — acusações que recaíram sobre centenas de brasileiros apenas por estarem presentes no acampamento em frente ao Exército, em Brasília, na manhã de 9 de janeiro de 2023.
Para deixar claro, mais de mil pessoas passaram por essa experiência de Alexsandra de privação de liberdade por participarem de uma manifestação, coisa que até então nunca tinha acontecido no Brasil. Alguns fizeram Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) assumindo uma culpa que não têm para se verem livres das perseguições do Governo Lula; outros foram julgados, condenados e cumprem as penas; e muitos estão no limbo, com ela, esperando numa fila de julgamentos virtuais que, aparentemente, estão adiados até que a questão política da Anistia seja resolvida no Congresso;
Alexsandra é auxiliar de cozinha, foi levada ao presídio de Varginha, MG, em 22 de julho, após o STF entender que houve descumprimento das medidas cautelares impostas na liberdade provisória. Mas a verdade é que ela sempre foi uma mulher honrada, cumpridora de seus deveres, com bons antecedentes e sem qualquer envolvimento com violência. A falha que motivou a sua prisão foi pontual e, segundo laudos médicos anexados ao processo, pode ter sido causada por sua fragilidade mental, agravada pela pressão e pelo medo.
Enquanto esteve presa, a sua saúde se deteriorou gravemente. Ela sofre com nódulo na mama, cisto no punho e sangramento retal. Chorando em uma chamada de vídeo com o irmão, Alexsandra pediu socorro. O pai, idoso, ficou profundamente abalado ao visitá-la no presídio. A família, com poucos recursos, luta para manter a casa da presa política, pagar o aluguel e cuidar dos seus nove cachorros.
Com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, Alexsandra voltará para casa com tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares. Ela deverá se apresentar semanalmente à Comarca de Paraguaçu, MG, e manter distância dos demais investigados. O uso de redes sociais está proibido, assim como qualquer atividade relacionada a armas.
Quem acompanha o caso dela comemora a sua liberdade, porque agora poderá cuidar da própria saúde. Ficará livre para reencontrar seus animais, para respirar fora das grades e, acima de tudo, livre para provar que nunca foi criminosa — apenas mais uma brasileira que, por estar no lugar errado na hora errada, foi arrastada por um sistema que precisa urgentemente rever os seus excessos.
A história de Alexsandra é um grito por justiça. Que sua liberdade seja o primeiro passo para a reparação de tantas outras vidas marcadas pela dor da prisão injusta.
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