
Ana Maria Cemin – 06/07/2025
No próximo dia 22 de julho, completa-se um ano desde que uma advogada brasileira de 63 anos foi forçada ao exílio. Viúva, mãe de três filhos e avó dedicada, sua história é marcada por um doloroso dilema: ou deixava o país onde construiu sua vida ou seria enviada a um presídio para cumprir uma pena de 17 anos em regime fechado — dividindo cela com criminosas — após uma condenação do Supremo Tribunal Federal.
Residente do Paraná, ela esteve em Brasília no início de janeiro de 2023, como milhares de outros brasileiros, em protesto contra a eleição de um político com histórico de condenações judiciais. Ao tentar escapar dos efeitos de gás lacrimogêneo na Praça dos Três Poderes, refugiou-se por instantes no prédio do STF. Três minutos depois, deixou o local.
Mesmo assim, 15 meses depois do episódio, foi identificada e intimada pela Polícia Federal. A acusação teria se baseado na recuperação de um celular perdido durante o tumulto. A partir de abril de 2024, foi obrigada a usar tornozeleira eletrônica e cumprir diversas medidas cautelares — até que veio a sentença: 17 anos de prisão.
“Fugi porque estavam prendendo até quem usava tornozeleira. Eu tinha medo de ser presa”, relata, agora vivendo como exilada na Argentina.
Lá, no entanto, ela denuncia um novo ciclo de violação de direitos. Segundo seu relato, mais de 600 brasileiros solicitaram refúgio político, mas se deparam com um sistema que, em vez de protegê-los, coopera com pedidos de extradição. Listas com nomes e endereços teriam sido repassadas ao governo brasileiro, resultando em ordens de prisão imediatas — cinco já estão detidos, aguardando decisão judicial nesta terça-feira, 8 de julho.
A diferença de tratamento entre refugiados brasileiros e de outras nacionalidades, como russos e ucranianos, é notável, segundo ela. “Esses são protegidos, enquanto nós, brasileiros, estamos sendo perseguidos.”
O apelo final é comovente e urgente: que organismos como a ONU, OEA, Parlamento Europeu, ACNUDH, ACNUR e CIDH intervenham para garantir a proteção dos direitos humanos dos cidadãos brasileiros que, em busca de liberdade, encontram-se novamente ameaçados — agora longe de sua pátria.
Publicar comentário