
Ana Maria Cemin – 30/06/2025
A vida de Nathan Theo Perusso, 24 anos, mudou drasticamente desde que embarcou para Brasília na tarde de 7 de janeiro de 2023. Desde então, ele enfrenta uma longa e conturbada trajetória judicial. Apesar de interditado judicialmente por incapacidade civil desde 2021, Nathan foi processado e agora deverá cumprir medida de segurança com internação psiquiátrica por, no mínimo, um ano.
O jovem foi acusado pela Procuradoria-Geral da República de participar de associação criminosa e incitar crime em 8.01 — delitos de menor gravidade, que normalmente resultam em penas restritivas de direitos, e não em privação de liberdade. Ainda assim, Nathan enfrentou uma série de prisões e restrições severas.
A sua jornada começou quando deixou Curitiba às 16h de 7 de janeiro, rumo à capital federal. Chegou por volta das 13h do dia 8, quando os manifestantes acampados frente ao Quartel do Exército já se dirigiam à Praça dos Três Poderes. No dia seguinte, ele foi detido no acampamento e levado ao Ginásio da Polícia Federal junto a mais de duas mil pessoas. Na sequência, ficou preso no Complexo Penitenciário Papuda até 20 de janeiro, quando obteve a liberdade provisória, com monitoramento 24 horas com tornozeleira eletrônica.
Em 6 de junho de 2024, Nathan voltou a ser preso após a Justiça Federal do Paraná comunicar ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a ruptura do dispositivo de monitoramento. Desde então, permaneceu por mais de cinco meses no Complexo Médico Penal, na região metropolitana de Curitiba.
A partir de agosto de 2024, a Defensoria Pública da União apresentou ao STF documentos que comprovavam a interdição judicial de Nathan, decretada ainda em 2021. À época, foi atribuída a curatela de seus direitos aos pais — inicialmente à mãe, posteriormente ao pai. O jovem já havia sido internado diversas vezes em clínicas psiquiátricas, o que reforçou a sua condição de inimputável.
Somente em março de 2025 o STF reconheceu formalmente sua inimputabilidade, declarando a absolvição imprópria e a imposição de medida de segurança.
Nathan deverá permanecer internado por, no mínimo, um ano em instituição psiquiátrica especializada, sendo submetido a acompanhamento médico regular até nova avaliação pericial.
A pergunta que fica é: O crime de Nathan foi estar acampado no QG de Brasília na manhã do dia 9.01.2023?
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