QUEM SÃO OS 30 IDOSOS PRESOS DO 8.01

Ana Maria Cemin – 16/06/2025

Você ficará impressionado com o levantamento recente, feito por uma voluntária que ajuda a esclarecer quem são os presos políticos do Brasil. Aqui publicamos novos dados sobre 30 idosos, com 60 anos ou mais, privados de liberdade devido ao 8 de janeiro de 2023.

A maioria desses idosos está com sérias comorbidades, fragilidade física e dificuldades para acesso a tratamento médico adequado. Apresentam hipertensão, cardiopatia, diabetes, câncer, problemas odontológicos graves e transtornos mentais. A idade média é 65 anos, e os dois mais velhos estão com 74 anos.

Além de doentes e vulneráveis, todos os casos relatados (veja a tabela ao final) enfrentam uma grave violação de direitos sociais: as suas aposentadorias foram bloqueadas, mesmo sendo o único meio de sustento de muitos deles e de seus dependentes diretos, como cônjuges idosos, mães nonagenárias e filhos com deficiência. Esses bloqueios ferem os princípios da dignidade humana e da função alimentar da aposentadoria; agrava a vulnerabilidade das famílias, que passam a depender de terceiros ou caridade; e enfraquece o direito à presunção de inocência, especialmente nos casos de prisão preventiva ou pena ainda não transitada em julgado.

Para ilustrar como estão essas 30 pessoas idosas, a estudiosa destacou oito casos dos 30 tabelados ao final da matéria, para que possamos efetivamente compreender agravidade do problema de direitos humanos.

Um deles é Carlos Rubens da Costa, 73 anos, metalúrgico aposentado recolhido de volta ao presídio há mais de 1 ano, e que está com suspeita de hanseníase (lepra) — doença que, se confirmada, requer tratamento urgente e especializado. Perdeu dentes da frente, está com grande dificuldade para se alimentar por ter seu tratamento odontológico interrompido pela prisão.

A  Maria de Fátima Mendonça, 70 anos,  dona de casa, hipertensa, sofre com depressão severa e tem limitações cognitivas; o Antônio Teodoro de Moraes, 71 anos, é bancário aposentado, empresário da ativa, diabético, preso em regime fechado desde 13/03/2025, cumprindo 14 anos de pena antes do trânsito em julgado; foi detido enquanto trabalhava em Maringá, teve sua conta conjunta com a mãe bloqueada, e está impossibilitado de cuidar da mãe de 92 anos.

A Sônia Teresinha Possa, 67 anos, contadora aposentada, diagnosticada com câncer de pele (neoplasia maligna da pele  C443), otite crônica, otorréia e otomastoidite; a Maria do Carmo da Silva, 63 anos, professora aposentada, submetida a uma longa pena em ambiente hospitalar prisional, que não cumpre seu propósito humanitário e parece mais um confinamento solitário que atendimento adequado; o Jamildo Bonfim de Jesus, 62 anos, contador e empresário, portador de hipertensão arterial sistêmica, arritmia cardíaca, dislipidemia, gota, e apresenta dores articulares severas em quadris, joelhos e mãos. Tem doença inflamatória crônica potencialmente incapacitante, sendo a hipótese diagnóstica de Artrite Reumatoide, enfermidade que, sem tratamento adequado, pode comprometer órgãos vitais como coração, pulmões e rins.

O Marco Afonso Campos de Santos, 62 anos, aposentado acometido por doenças osteoarticulares crônicas e dores intensas. Os exames médicos datados de 25/04/2025 confirmam diagnóstico de espondilodiscoartrose lombar, causando dor crônica, limitação funcional e mobilidade prejudicada. Além das condições da coluna, faz controle periódico de próstata e não recebe atenção médica desde janeiro de 2024, o que agrava o risco de complicações urológicas; e o João Cláudio Tozzi, 61 anos, pedreiro, preso desde 9/11/2023, com diagnóstico de epilepsia, sem assistência médica adequada dentro do presídio, sem sentença transitada em julgado.

O trabalho dessa voluntária nos colocam frente a frente com uma realidade: são pessoas, não são números.

OS 26 IDOSOS JÁ CONDENADOS

OS 4 IDOSOS PRESOS PREVENTIVAMENTE