Ana Maria Cemin – Jornalista – 14/06/2024
Na segunda-feira, dia 17 de junho, a irmã do preso político Dirléia Barbosa Lopes, 45 anos, viajará de Minas Gerais para São Paulo para, junto com a Dra. Silvana Rodrigues, percorrer os presídios que ficam ao redor da Delegacia da Lapa, ou seja, presídios de Pinheiro I,II e III.
Na manhã do último 6 de junho, perto das 9 horas, o preso político Deivison Barbosa Lopes, de 41 anos, já estava dentro da viatura da Polícia Federal, após ser preso a mando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Foi levado de Praia Grande, SP, onde mora, para Santos e, depois, para a Delegacia de Polícia da Lapa, na capital de SP. Em 1º de março, Deivison foi condenado a 17 anos de prisão por se proteger do ataque de bomba e balas de borracha na Praça dos Três Poderes dentro de um dos prédios da República.
A advogada de Deivison, a Dra. Silvana Rodrigues, chegou às 13 horas na delegacia para participar da Audiência de Custódia no dia 6 de junho e foi informada que deveria aguardar até as 16 horas. Dirigiu-se para a sala da OAB onde esperou o horário para somente depois novamente procurar pelo seu cliente na delegacia.
Às 16 horas, foi informada que a audiência já tinha ocorrido sem a sua presença e o seu cliente fora transferido para outro local. Inconformada com tanta “bagunça”, teve uma conversa acalorada e fez algumas ligações, para só então ser informada que Deivison estava no 7º andar do prédio, para onde ela subiu na expectativa de conversar com o seu cliente no parlatório, antes da Audiência de Custódia.
Porém, para sua surpresa, ouviu “Será feita audiência novamente?”. Não bastasse isso, ainda teve que conversar com o preso político na frente das outras pessoas por falta de um local reservado, o que é uma violação de direito. “Não permitiram o contato com o meu cliente de forma adequada e fiz questão de deixar registradas na Audiência de Custódia que ocorreu naquela tarde as violações das prerrogativas”, conta a advogada.
Ao final da audiência, perguntou para qual presídio ele seria levado, resposta que até hoje (dia 14 de junho) ainda não conseguiu, apesar de todos os esforços feitos.
“Tudo que envolve os presos de 8 de janeiro é muito complicado. A começar pela prisão dele naquele dia (6 de junho), sendo que Deivison tinha mais recursos a serem julgados. Ou seja, o Código Penal prevê que somente depois de esgotados os recursos a pena seja aplicada. Nem mesmo foi dada a justificativa da prisão. Da PF soube apenas que na noite anterior mais de 200 mandados de prisão foram expedidos pelo STF”, relata a advogada.
Sem saber o destino do cliente, Dra. Silvana acionou o Ministério Público, o juiz a presidência da OAB. “A autoridade que manda prender tem que dizer para onde está levando a pessoa”, reclama.
A irmã Dirléia diz que a mãe Dalila, de 75 anos, está aflita com a falta de informação sobre o paradeiro do filho, apesar de todos os esforços da advogada no sentido de tentar descobrir para qual local Deivison foi levado.
“Vou para São Paulo porque precisamos fazer alguma coisa. Meu irmão é um ótimo pai e o seu filho Benício, de 7 anos, está sofrendo com tudo isso. Onde estão os Direitos Humanos? É muita injustiça cometida contra uma pessoa incapaz de matar um mosquito e que sempre foi um exemplo de pessoa, trabalhador e cuidador do filho, que tem problemas de diabetes e TDH”, comenta Dirléia, muito abalada com a prisão do irmão.
Manifestação da advogada:
“DEIVISON BARBOSA LOPES, já amplamente qualificado nos autos deste processo, vem, com o devido respeito e superior acatamento, perante Vossa Excelência, através de seu advogado, INFORMAR que o réu foi preso em 06/06/2024 e que a defesa aguarda saber para que presídio ele foi transferido após a audiência de custódia realizada com juiz substituto do Ministro no mesmo dia da prisão. Ressalta ainda que a defesa tentou hoje diligenciar diretamente na polícia federal e se recusaram a dar o parecer da transferência do preso, mandando aguardar a informação no processo, ferindo assim a dignidade da pessoa humana”, – Dra. Silvana Rodrigues
Resposta do Ministério Público, com resposta prevista para dez dias:
“MM. Juiz: Considerando o informado às fls. 117, requeiro a realização das pesquisas de praxe para se averiguar o local onde o réu se encontra custodiado. Praia Grande, 13 de junho de 2024.” – Ministério Público de São Paulo
Triste, infelizmente estamos vivendo na DITADURA DEMOCRÁTICA que tanto fala
a Suprema Côrte Brasileira!
Que absurdo
Trabalhamos juntos pra onde ele foi enviado?