Ana Maria Cemin – 02/12/2025
A exilada política Sirlene de Souza Zanotti, 54 anos, foi detida nesta terça-feira em Posadas, capital da província de Misiones, na Argentina. Segundo informações preliminares, ela se dirigia ao Paraguai para realizar compras quando apresentou o documento de identidade argentino (DNI) na imigração. O procedimento chamou a atenção das autoridades, que decidiram barrar sua entrada e efetuar a prisão.
Até o início da tarde, o advogado de Sirlene, Dr. Hélio Júnior, confirmou que sua cliente permanecia detida em uma comissaria de polícia em Posadas, aguardando definição sobre os próximos passos do processo.
A prisão de Sirlene é a sexta em pouco mais de um ano na Argentina. Por coincidência ocorreu na véspera da audiência de extradição, marcada para esta quarta-feira, dia 3 de dezembro, envolvendo cinco outros presos políticos mantidos presos desde o ano passado na Colônia Penal de Ezeiza, em Buenos Aires.
Quem é Sirlene?
Sirlene é filha, irmã de dez, mãe de dois filhos e avó de quatro netos. Profissional da área de saúde, voluntária em projetos sociais e conhecida por sua atuação comunitária, ela foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 14 anos de prisão em um processo que considera injusto. Desde então, vive em exílio.
Em textos divulgados por ela mesma, Sirlene relata as perdas que sofreu com a condenação e o afastamento da família. “Liberdade, para mim, é ver presencialmente o rosto dos meus filhos e abraçar os meus netos”, escreveu. Ela descreve a ausência de sentido que sente no exílio e afirma que sua luta é pela devolução da vida e da justiça.
O caso de hoje
A prisão em Posadas reacende o debate sobre sua situação jurídica e política. A defesa afirma que acompanha de perto o caso e busca medidas legais para garantir sua liberdade. Até o momento, não há informações oficiais sobre quais acusações motivaram a detenção na imigração.
Outros presos políticos presos na Argentina
Amanhã, a audiência de extradição dos cinco brasileiros presos na Argentina definirá o futuro das pessoas que estão no exílio por perseguição política no Brasil. Caso a decisão seja favorável à extradição desses cinco, a defesa recorrerá à Câmara, tribunal de segunda instância. Se houver recusa da extradição, o governo brasileiro poderá recorrer. Existe também a possibilidade de recusa sem contestação, o que encerraria o processo. A decisão final, no entanto, cabe ao presidente argentino Javier Milei, conforme previsto na legislação. Os réus estão presos no Ezeiza desde o fim de 2024 são Joelton Gusmão de Oliveira, Rodrigo de Freitas Moro Ramalho, Joel Borges Correa, Wellington Luiz Firmino e Ana Paula de Souza. A audiência não implica extradição imediata, mas abre caminhos distintos para o futuro dos acusados.
Leia também, de Sirlene, a matéria feita no ano passado:
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