
Ana Maria Cemin – 16/10/2025
Recebi esta carta em homenagem ao Tony, atualmente preso injustamente no Presídio de Paiçandu, a apenas 20 km de Maringá. Ao lê-la, um nó se formou na garganta — impossível não lembrar da trajetória desse homem. Nascido em uma família humilde, Tony enfrentou inúmeras dificuldades e venceu pela força do trabalho e da renúncia. Abdicou de seus próprios sonhos para criar os irmãos, e agora, na velhice, recebe como resposta do Estado a prisão, apenas por ter estado em Brasília no dia 8 de janeiro, buscando abrigo em um prédio durante o confronto com a polícia.
Vivemos tempos sombrios. Mas, em meio à escuridão, esta carta chega como um sopro de humanidade — um gesto de amor que atravessa muros, distâncias e injustiças, para nos lembrar do que realmente nos torna humanos: a empatia, a dignidade e o respeito.
Tony hoje está 15 kg mais magro e bem debilitado dentro do presídio cumprindo uma pena de 14 anos de prisão, mas ainda luta pela sua liberdade com altivez.
“PARABÉNS AO TONY DE MARINGÁ. PARABÉNS AOS TONYS DO BRASIL
Neste 16 de outubro de 2025, o bancário Antônio Teodoro de Moraes, o Tony de Maringá, completa 71 anos de idade. O Tony de Maringá é cidadão pacato, honrado, de caráter ilibado e com princípios morais, religiosos e familiares respeitadíssimos. Porém, o Tony de Maringá ficará privado de receber os parabéns e o abraço de familiares e amigos. Receberá apenas sucintas mensagens, comprimidas em no máximo duas folhas de papel e, com certeza, angustiado irá às lágrimas.
O Tony de Maringá estava em Brasília em 08/01, amparado pelas prerrogativas garantidas na Constituição, de ampla liberdade de manifestação e de expressão. Não participou de atos de vandalismo. Não quebrou sequer um copo, porém está condenado a 14 anos de prisão e cumpre a pena na Penitenciária de Maringá. Aos vândalos devem ser aplicadas as sanções previstas na lei, após obedecido o devido processo legal. Temos na história que, em dezenas de manifestações com vandalismos anteriores, não existiram prisões.
Traídos por vozes do amor, centenas de Tonys do Brasil levantaram pacificamente acampamento com a promessa de encaminhamento para os seus lares. Porém, foram encaminhados de forma sorrateira para a detenção. Julgados na última instância, ferindo de morte o devido processo legal, foram condenados pelo juiz Alexandre de Moraes e seus sequazes, armados da força bélica mais poderosa do Brasil, que são suas canetas democráticas.
É notório que a condenação sumária dos Tonys do Brasil tem como escopo intimidar e calar as manifestações e vozes que conflitam com o status quo estabelecido. Se as reclamadas perseguições e prisões políticas no passado são consideradas ditadura lá, a ação atual de perseguições e prisões políticas idênticas tem que ser considerada ditadura cá.
Vem a calhar e estamos vivenciando a frase do falecido humorista Millôr Fernandes: “Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim.” Conclusão: a democracia no Brasil é uma falácia.
O canto da sereia da dosimetria é o mesmo que o cidadão de bem ser obrigado a pagar apenas 50% à malandragem, de uma dívida financeira da qual não contraiu.
Quando traficantes e políticos corruptos são condenados, o STF os liberta. Assaltantes de bancos à mão armada e sequestradores, por questões ideológicas, imploraram e bradaram por anistia e foram anistiados.
Na atual circunstância, não há como não implorar e bradar por anistia aos Tonys do Brasil, cidadãos de bem armados de Bíblia e batom.
Parabéns, Tony de Maringá. Parabéns, Tonys do Brasil. Vocês me representam.
ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA JÁ” – Aldi Cesar Mertz, ex-vereador e sindicalista bancário raso de Maringá – PR – 16/10/2025
Leia aqui a história desse preso
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