Ana Maria Cemin – 28/08/2025
A moradora de Goiânia Rosana Maciel Gomes, de 57 anos, é a segunda presa política a ser deportada para o Brasil pelos Estados Unidos. Ela chegou no país ontem, dia 27 de agosto, em um voo fretado pelo governo americano que transportava brasileiros deportados. O desembarque ocorreu por volta das 18h30 no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins (MG), onde foi imediatamente presa pela Polícia Federal.
A deportação em si não tem motivos políticos. Ela é apenas mais uma entre milhares de pessoas deportadas pelos Estados Unidos, mas a sua história ganha relevância pelo fato de ter tentado asilo político que não foi considerado pela imigração americana.
Após exame de corpo de delito, Rosana foi encaminhada ao Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em Belo Horizonte, onde permanece à disposição do Supremo Tribunal Federal, que a condenou a 14 anos de prisão por participar das manifestações contra o governo Lula em 8 de janeiro.
Rosana foi uma das quatro presas políticas que tentaram entrar pela fronteira dos Estados Unidos em janeiro deste ano. Depois de percorrerem por terra o trajeto entre a Argentina e o México, atravessando a pé a perigosa Floresta de Darién, as quatro brasileiras tentaram solicitar asilo político.
Rosana foi detida em El Paso, no Texas, por imigração ilegal. Desde então, estava em um centro de custódia do ICE (Polícia de Imigração e Alfândega), junto com outras brasileiras condenadas pelos atos de 8 de janeiro.
A primeira a ser deportada é natural de Balneário Camboriú, SC, e chama-se Cristiane da Silva, 33 anos. Foi deportada ainda em maio desse ano, presa ao desembarcar em Fortaleza e levada a um presídio. Ela cumprirá pena em regime semiaberto.
Ainda estão nos Estados Unidos Raquel de Souza Lopes, 52 anos, condenada a 17 ano de prisão em regime fechado por se proteger num prédio da República. Está detida em El Valle, Texas, desde 12 de janeiro desse ano. Essa cozinheira é mãe de dois filhos e avó de duas netas. Além dela, tem a Michely Paiva Alves, empresária de Limeira, SP, que segue presa em El Paso, Texas, desde 21 de janeiro.
O perfil dessas quatro mulheres: trabalhadoras, mães e cidadãs sem histórico criminal. Elas apenas buscavam refúgio em solo americano após sofrerem medidas severas impostas pelo sistema judiciário brasileiro, motivadas pelos eventos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
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