Ana Maria Cemin – 19/06/2025
Em pleno feriado de Corpus Christi, um dia sagrado para os católicos, a Polícia Federal bateu na porta Maria Irani de Maria Irani Teixeira Bomfim, 55 anos, para levá-la ao presídio Colmeia, onde cumprirá a pena de 14 anos de prisão. Desde 14/05/2024 estava aberto um mandado de prisão solicitado pelo Gabinete do Ministro Alexandre de Moraes, mas somente hoje foi cumprido. O marido, Jamildo Bomfim de Jesus, 62 anos, já está preso desde o ano passado e encontra-se muito doente no CIR, do Complexo Papuda. Ele também foi condenado a 14 anos, também pelo 8.01.
A prisão de Maria Irani acontece exatamente no mesmo dia em que o depredador do relógio que foi presente da Corte Francesa a Dom João VI, durante a invasão ao Palácio do Planalto em 8.01. Antônio Cláudio Alves Ferreira, condenado a 17 anos, saiu em regime semiaberto e sem tornozeleira eletrônica do presídio de Minas Gerais. Ferreira recebeu a progressão de regime fechado para semiaberto pelo juiz da Vara de Execuções Penais de Uberlândia, Lourenço Migliorini Fonseca Ribeiro, que alegou boa conduta carcerária do elemento.
“Hoje fomos pegos de surpresa com o retorno da D. Irani ao cárcere. Ela tem algumas cirurgias para fazer, que já estão marcadas. Além do mais, ela vinha cumprindo todas as cautelares e tem todos os relatórios de cumprimento no processo”, comenta a advogada da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro, Dra. Carolina Siebra.
Quanto a liberar uma pessoa do presídio que depredou no dia 8.01, diferente de muitos que continuam em presídios, a Dra. Carolina diz que “é estranho para nós, advogados, porque todos os processos estão tendo a sua execução analisada pelo ministro Alexandre e algumas pessoas já deviam ter progredido no ano passado e, mesmo assim, o ministro tem se furtado de analisar os pedidos das defesas. O caso desse rapaz nos deixa surpresos, mas entendemos que por conta do princípio da isonomia, todos devem ter um tratamento igual e essa decisão do juiz mineiro tem que ser estendida para os demais presos do 8 de janeiro”, conclui.
A mais nova presidiária do Colmeia, a Maria Irani, está com problema de vesícula, precisa operar e não operou para não ter que peticionar a retirada da tornozeleira nos autos e nem chamar a atenção para o processo inerte. O marido, por sua vez, contador e empresário, é portador de hipertensão arterial sistêmica, arritmia cardíaca, dislipidemia, gota, e apresenta dores articulares severas em quadris, joelhos e mãos. Tem doença inflamatória crônica potencialmente incapacitante, sendo a hipótese diagnóstica de Artrite Reumatoide, enfermidade que, sem tratamento adequado, pode comprometer órgãos vitais como coração, pulmões e rins. Nesse mês, mais uma vez foi negada a prisão domiciliar de Jamildo.
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